sábado, 31 de outubro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 8


 Capítulo 8 – Nosso lugar

Sim, e eu te amarei, querida, sempre. E estarei ao seu lado por toda a eternidade sempre. Se você me dissesse para chorar por você, eu choraria. Se você me dissesse para morrer por você, eu morreria. Olhe para o meu rosto. Não há preço que eu não pagaria. Para dizer estas palavras a você...
Always – Bom Jovi
            
Acordei pela terceira vez naquele dia para tomar mais remédio e fazer xixi. E não tendo condições para mais nada, a não ser ficar jogada na minha cama, deitei novamente, colocando mais um cobertor em cima do meu corpo.
            Não sei por quanto tempo fiquei ali daquela vez, porém minha campainha começou a tocar insistentemente, fazendo com que me levantasse e descesse devagar para não sair rolando escada abaixo, por conta dos remédios que começavam fazer efeito.
            Mal abri a porta e Léo entrou feito um furacão.
            -Tu podes me explicar para que servem os meios de comunicação, Maria Beatriz?
            -O que foi que eu fiz?
            -A pergunta certa seria o que foi que tu não fez, não é, guria? – ele estava bravo. – Sabes que horas são? Pior, desde que horas estou te ligando? Quer me matar de preocupação? – nessa hora seu olhar me averiguou de cima em baixo, dando ênfase no short’s do meu pijama rosa.
            - Não... Eu não sei. Acho que dormi demais. A tchin – espirrei.
            -Falei para me ligar se não estivesse bem, ontem quando cheguei em casa – ele tocou meu rosto. – Tu estás com febre, pequena. Droga, Maria Beatriz – nos empurrou até o sofá, sentando-me no seu colo.
            -Estou sem voz, Léo. Está doendo – apontei para a garganta, ganhando um beijo no rosto.
            -Tomou remédio?                              
            -Só antitérmico – fiz manha, querendo mais carinho. Porém seu celular começou a tocar estridente, fazendo com que ele se remexesse sem me tirar do seu colo.
            -Oi... Já... Está com infecção de garganta... Já vou, Jessianny.
            -Aonde tu vais?
            -Abrir a porta – me colocou no sofá. – A Jessianny e o André também estão loucos contigo – andou até a entrada da casa.
            -Ai que bom. Tu estás viva. Mas quase fez com que arrombássemos a casa do delegado de preocupação, sabias? – Jessy veio me beijar e olhou diretamente para o irmão, que revirou os olhos.
            -Só estou com dor de garganta – falei com dificuldades, colocando a mão no pescoço.
            -Oh, minha amiga. A gente vai cuidar de ti – lembrei naquele momento, vendo os três ali parados na minha frente, que deveríamos estar indo para o rodeio de Boi.
            -Vocês têm que ir – eles se entreolharam.
            -Ficou doida, guria – André falou, colocando a mão na minha testa. – Será que ela está delirando?
            -Não, gente. Não fiquei doida, não. Vocês têm que ir para o rodeio do Boi. Ele vai ficar chateado – Léo sorriu e jogou-se ao meu lado.
            -Marrentinha, – olhei para ele e estremeci, lembrando nossa noite juntos – se a gente for e te deixar sozinha, aí sim tu vais ver o Boi virar um touro bravo.
            -Verdade, amiga. Ele vai entender, a gente liga avisando. E outra, se o Léo aparecesse lá sem você, ainda por cima te deixando aqui doente, levaria uma coça – Jessy olhou para nós dois novamente e riu.
            -Então vamos parar de papagaiada e cuidar dessa teimosa.
            -Não sou teimosa, Léo – fiz um bico, que quase foi atacado por ele. E aquela intensidade chamou a atenção da irmã e do melhor amigo, se já não fosse cunhado... Vai saber.
            -Cadê seu celular?
            -Não sei – pensei tentando lembrar. – Ah! Ele esta sem bateria.
            -Depois quando digo que precisa de uma coça – balançou a cabeça.
            -Léo – fiz manha e deitei no seu colo.
            -Ta, hoje passa – começou a acariciar meus cabelos. – Vamos nos dividir. André, tu vais à locadora e à farmácia, essa guria precisa de um antiflamatório.
            -Preciso? – olhei para cima.
            -Não discuta – falou bravo e descobri que gostava do meu peão bravo também. – Jessianny, faça uma sopa para ela.
            -Odeio sopa, gente – reclamei, agarrada ainda mais a Léo, sentindo seu perfume.
            -Vou fazer um escondidinho de carne seca maravilhoso, amiga. Vai descer fácil, porque não é bom tu mastigar muito hoje – assenti.
            -E eu vou fazer o melhor chimarrão que já tomou na sua vida, guria – sorri para ele.
            -Eu adoro chimarrão.
            -Sei disso – falou todo cheio, como se tivesse feito a lição de casa. – E tu para o banho.
            -Mas, Léo?
            -Vai ser bom, amiga. Um banho levanta até defunto meio morto, já dizia a nossa avó – sorrimos e Jessy me ajudou a levantar. – Sei que o colo está bom, mas...
            -Ta, eu vou subir – comecei a subir as escadas, mas parei quando Léo gritou.
            -Cuidado, não vá se machucar...
            -Não lave a cabeça – a irmã completou.
            -E carregue a porra do celular – sorri de tantos cuidados e da “delicadeza” do meu peão e fui em direção ao meu quarto.
            Antes ligar o chuveiro ainda escutei quando Jessy gritou para o Dé trazer a carne seca e o tomate e Léo, o lembrando do remédio.
            Estava feliz e me sentindo muito querida diante de uma família de verdade.
            Era esse meu desejo quando voltei para Santa Maria, mas o que recebi aqui foi muito mais do que o amor de João, já tão conhecido por mim. Eu ganhei de presente uma gauchinha linda, amigos de verdade e meu peão, que a cada minuto me deixava  mais encantada, para não dizer, apaixonada.
            Pronta, com um conjunto de moletom rosa nada sexy, mas muito quente e confortável, desci. E quando estava no último degrau da escada ouvi um pouco da conversa entre Léo e Jessy.
            -Estou tão feliz por vocês – escutei-a sorrir, porém não entendi o que Léo dizia. – Já estava mais que na hora – ele falou alguma coisa, que não escutei também e nervosa, por existir duas possibilidades, a dele estar feliz, ou se enchendo da conversa da irmã, resolvi aparecer na cozinha.
            -Oi – parei na porta, vendo Léo com o chimarrão na mão e Jessy escorrendo a água da panela de pressão.
            -Assim está bem melhor – ele se aproximou do meu pescoço. – Cheirosa.
            -Eu não estava fedida, Léo – bati no seu ombro.
            -Você nunca esta, pequena – Jessy nos olhou apaixonada e não resistiu.
            -Ai, que lindo!
            -Vai se fe...
            -Para de implicar com sua irmã, Léo – sentei na banqueta perto da pia.
            -Isso mesmo, cunha... – nós dois a olhamos assustados. – Amiga.
            -Está quase tudo pronto, o Dé ligou e vai trazer a mistura pronta da carne seca, é isso, não é, Jessyanny? – me deu um pouco da bebida que estava em sua mão.
            -É – ela revirou os olhos, mas riu. – E por falar nele... – escutamos o carro parar na frente de casa.
            -Cheguei – o loirinho entrou pela porta dos fundos.
            -Vamos tomar esse remédio logo, mas se não melhorar, amanhã vamos ao médico.
            -Não quero tomar injeção – fiz manha de novo, recebendo o comprimido de Léo, junto com mais um gole de chimarrão.
            -Eu seguro sua mão – piscou para mim.
            -Obrigada – sorrimos um para o outro.
            Depois de tomar o remédio, ficamos ali na cozinha até Jessy terminar o jantar. Comemos, rindo da implicância dos irmãos e das piadas de André, que demorava a abrir a boca, mas quando abria.
            Logo depois do jantar, André ajudou minha amiga com a louça e eu e Léo fomos para a sala escolher o filme. Ele trouxe colchões e cobertores do andar de cima, jogando tudo no meu corpo, que estava esparramado no sofá, fazendo graça.
            -Sabias que quase me matou hoje, guria? – parou ao meu lado, agachando-se.
            -Tu já disseste isso – peguei sua mão.
            -Mas não disse o motivo real – tocou seu nariz no meu pescoço – a febre já está baixando.
            -Eu sei – suspirei, não sabendo se falava do motivo real, ou da febre.
            -Cheguei a pensar que estava fugindo de mim.
            -Por que faria isso, peão? – ele deitou ao meu lado, passando o braço em volta do meu corpo.
            -Não sei. Tu és doida, marrentinha, vai saber – bati em seu braço, rindo.
            -Não a esse ponto – quando nossos rostos estavam praticamente colados, escutamos Jessy gritar, derrubando Léo no colchão debaixo de nós, fazendo-me gargalhar, mesmo com a dor na garganta.
            -Cozinha limpa. Já escolheram o filme?
            -Não. Mas temos um romance e um de corrida, o que vamos ver primeiro, amiga? – provoquei.
            -Deveria ser o de corrida, já que vamos dormir no filme de vocês mesmo – André revirou os olhos.
            -Concordo – Léo me puxou para baixo, cobrindo-nos com o mesmo cobertor.
            -Por mim tudo bem, e para ti, Jessy? – aconcheguei ainda mais nos braços do meu peão.
            -Conhecendo esses dois, sei que vai sobrar para nós o ronco deles – gargalhamos, vendo-os fazer careta. – Pode ser o de vocês primeiro – abanou a mão.
            Assistimos ao primeiro filme e como minha melhor amiga deduziu, Léo e André dormiram no nosso romance, fazendo com que chorássemos e suspirássemos sem nenhum dos dois para encher o saco.
            Dormimos os quatro agarrados um ao outro, como dois casais normais e no meio da madrugada, quando acordei para fazer xixi, observei como Léo dormia gostoso, praticamente me sufocando, de tanto que espremia seu corpo ao meu. Já André, carinhosamente, acariciava, mesmo que inconsciente, os cabelos de Jessy, que dormia no seu peito. Sorri, torcendo para dar tudo certo entre nós.
            Acordei naquela segunda-feira, que era feriado, com a garganta completamente fechada.
            -Ai! – resmunguei, vendo-me sozinha na cama improvisada.
            Levantei devagar, tonta de sono ainda e andei pela casa, procurando algum sinal de vida, flagrando André e Jessy se beijando na cozinha.
            -Ops! Desculpa, gente – falei rouca, assim que os vi pular, completamente sem graça.
            -A gente que pede desculpas, Bia. Estamos na sua casa.
            -André, não esquenta, – sorri – fico feliz que tenham se entendido.
            -A gente também – Jessy abraçou seu loirinho. – E ainda mais feliz por vocês.
            -Oi?
            -Bia, a gente sabe.
            -Mas... Eu ainda... – não sabia o que dizer, então resolvi desconversar. – Onde o Léo se meteu? – os dois riram da minha cara.
            -Acho que ele deu um pulo na fazenda. Quando o pai não está, ele fica responsável para ver como andam as coisas por lá.
            -Entendi – baixei os olhos.
            -Mas ele volta, guria. Não vai te deixar em paz tão cedo – André riu, beijando o rosto da namorada. Foi então que escutamos o barulho da caminhonete lá fora e vi os dois pularem novamente, cada um para um lado da cozinha.
            -Não vão contar para ele?
            -Ainda não, amiga. Precisamos preparar o terreno.
            -Está certo – Léo entrou como um tiro, cheio de sacolas, pela porta da cozinha.
            -Bom dia, gurizada.
            -Bom dia, Léo – suspirei, ganhando um beijo na bochecha.
            -Melhorou?
            -Um pouco. Ainda doe.
            -Normal – colocou as sacolas na pia. – Trouxe algumas coisas para nosso café.
            -Onde tu foste?
            -Tive que passar na fazenda. O pai não esta, então fui lá ver os peões. – assenti. – Por que, sentiu minha falta, marrentinha? – chegou por trás, beijando meu pescoço, me arrepiando.
            -Convencido – ele gargalhou, olhando para André e Jessy.
            -E vocês dois, vão ficar só olhando? Me ajudem a colocar a mesa.
            -Ok! – André respirou, aliviado, pensando que o amigo o caparia naquele momento, por estar se agarrando com a irmã dele.
            -Sabes que encontrei a Zefa no meio do caminho e ela mandou isso – colocou a travessa na minha frente. – E disse que era para ti, guria.
            -Ai, bolo de fubá? – lambi os lábios.
            -É. Ela disse que era para você sarar e ainda mandou o leite tirado da Mimosa hoje.
            -Que delícia. Obrigada, Léo. Agradece ela para mim – ele deu de ombros.
            -Agradeça, tu. Nós vamos almoçar lá.
            -O quê? Não, Léo. Não quero dar trabalho. Sua mãe está sossegada lá.
            -Nem pense em discutir, foi ela que mandou te levar até lá, para ver se tu estás bem. E ainda brigou, pois disse que deveríamos ter te levado ontem – sorri do carinho de Dona Luíza.
            -Tudo bem.
            Tomamos aquele delicioso café e se continuasse assim engordaria a olhos vistos.
            Dessa vez ajudei Jessy com a louça e subi para me arrumar.
            Estava animada, então coloquei um jeans apertado, com uma camisa azul, justinha. Deixei os cabelos soltos, como Léo gostava e arrumei meus óculos de grau no rosto, não esquecendo o de sol, por conta do tempo bonito que fazia naquele feriado.
            Quando cheguei perto da caminhonete de Léo nossa noite juntos passou como um flash na minha mente.
            -Não consigo olhar para ela sem lembrar, também. Tu lembras, não é? – sorri, sentindo mesmo sem vê-lo, que estava com medo.
-Te disse que não sofria de amnésia alcoólica, que teimoso – Léo respirou aliviado e chegando por trás abraçou minha cintura.
-Já disse que gosto deles soltos? – beijou meu cabelo.
            -Por isso eu deixei – me entreguei completamente, virando meu corpo para nos encararmos. – Acho que precisamos conversar.
            -Acho que precisamos fazer bem mais que isso, – ele riu – mas tudo ao seu tempo. Agora entre, o almoço da dona Luíza esta esperando a gente.
            -Ta – ele abriu a porta para que eu entrasse e foi para o seu lugar. Jessy e André já estavam no carro do loirinho. Será que Léo nem desconfiava? Tentei não pensar muito nisso.
            O trajeto até a fazenda foi tranquilo. Léo, sem nenhum vestígio de vergonha, colocou sua mão na minha perna, dando a deixa para que fizesse o mesmo com ele. Sorrimos, falando dos filmes que tínhamos assistido na noite anterior, quer dizer, que eu e sua irmã assistimos.
            -É que tu não ouviste teu ronco hoje, guria – ele deu de ombros, quando contei como tinha roncado durante o filme.
            -Eu não ronco, Leonardo – bati na sua perna.
            -Ronca, marrentinha.
            -Deve ser a garganta.
            -É, deve...  – ele revirou os olhos, fazendo com que lhe batesse ainda mais.
            -Chato.
            -Linda – parou o carro e nos aproximamos, sorrindo. – Estou louco para...
            -Meus filhos, ainda bem que chegaram – Dona Luíza me tirou do carro, já tentando medir minha febre e pedindo para que eu mostrasse a garganta.
            Nosso almoço foi divertido e para variar comi demais novamente.
            Também nem com dor de garganta se rejeitaria a comida da Fazenda Palmital, ainda mais com aquela maionese da Zefa. Já disse que sou viciada em salada de maionese?
            Depois do almoço, mostrando para a mãe que eu estava melhor, Léo me levou para dar uma volta pela fazenda, mas quando chegamos perto do curral parou, fazendo com que eu o olhasse.
            -Quer dar uma volta a cavalo? – colocou uma mecha atrás da minha orelha.
            -Só se me levar no mirante – ele sorriu.
            -Nosso lugar?
            -É – o acompanhei saltitando, não conseguindo deixar de transbordar felicidade em todos meus gestos.
            Léo arrumou apenas um cavalo, me ajudando a montar, se colocando logo atrás do meu corpo.
            -Sempre quis te levar para dar uma volta assim.
            -Estou adorando.
            -Selei a Preciosa por ser mansinha, como tu, hoje, é claro – belisquei seu braço. – Isso doe.
            -É para doer.
            -Retiro o que disse. Vai que a Preciosa resolve te imitar dando coice – nem dei ouvidos, encostando a cabeça no seu peito e assim andamos pela fazenda inteira.
E além do carinho e o acalento daqueles toques sutis, pude ver ali o orgulho de Léo ao mostrar-me seu trabalho. Explicou qual era a diferença entre trabalhar com o gado leiteiro e o de corte e qual estava dando mais lucro. Seu pasto estava cheio, mas disse que às vezes viajava em comitiva junto com os peões da fazenda, para compra de novos animais. Fiquei com ciúmes, imaginando-o naqueles bordeis da vida, mas me calei. Porém, nada bobo, ou já me conhecendo muito bem, Léo riu, dizendo que sempre foi o mais moleque da turma e que nunca havia participado daquilo que se passava pela minha cabeça. Sorri aliviada quando me vi olhando para o nosso lugar. O mirante.
Ao me ajudar a descer da Preciosa, Léo me pegou de surpresa, agarrando minha nuca e fazendo com que nossas bocas se encontrassem em uma saudade única.
            -Porra, que pensei que nunca chegaria essa hora. Queria fazer isso desde ontem – sorri, acariciando seus cabelos.
            -Eu também – suspirei, dando-lhe um selinho.
            -Se tu não se lembraste, Maria Beatriz... – Léo urrou no meu pescoço, me arrepiando.
            -Eu levaria uma coça.
            -Exatamente – beijou-me novamente.
            Passamos o resto da tarde ali namorando, sem maiores preocupações, ou conversas sobre o futuro. Ali no nosso lugar queríamos curtir e recuperar o tempo que havíamos passado juntos, só que sem poder se tocar como gostaríamos.
            No final da tarde começou a esfriar, por isso Léo me levou para casa. Quando chegamos lá, João já me esperava do lado de fora, preocupado, por saber por Luíza que estava doente. Léo contou a ele o que tinha acontecido desde sábado, não tudo, é claro. Se nem nós havíamos conversado, meu pai não precisava saber de nada ainda, não é?
            Despedimos-nos singelamente na frente de João, mas antes de dormir, brincamos muito ao telefone, comigo gargalhando e tirando sarro dele por conta do medo que tinha ficado do Delegado.
            Léo negou, dizendo que eu pagaria por aquilo.
            Dormi mais uma vez ouvindo o som da sua voz.
            A voz do meu peão...
            Do meu amor.
E depois de um final de semana perfeito, tinha que concordar com minha, agora cunhada, Jessianny.
            Terça feira chegaríamos à faculdade, resolvidas.
           


            

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Léo e Bia - Capítulo 7


Capítulo 7 – Nessas horas ser amigo atrapalha
"Um dia, quando a luz estiver brilhando... Estarei em meu castelo dourado... Mas até que os portões se abram... Só quero sentir este momento..."
Pitbull - Feel This Moment ft. Christina Aguilera

Enquanto maquiava Jessy, pensava como havia sido o sábado até aquele momento.
Organizamos um momento de beleza durante a tarde fazendo as unhas, hidratação nos cabelos e depilação. Queríamos estar prontas para abalar as estruturas.
João também tinha me dito durante o almoço que iria aproveitar sua folga no domingo e na segunda de feriado prolongado, para ir pescar com o pai de Léo e alguns amigos da delegacia.
Fiquei feliz por ele, pois essa era uma das suas únicas diversões, tirando a roda de viola na Fazenda Palmital e os churrascos com o Padre Olavo.
Durante o dia Léo também me ligou duas vezes. A primeira para reiterar que me pegaria para irmos juntos para a boate e na segunda, rindo, me contou que havia esquecido de dizer que Boi era peão de rodeio e participaria de uma competição na cidade vizinha de Camobi, nos convidando para vê-lo montando no domingo e na segunda, além de assistirmos os shows que teriam lá.
O engraçado era Léo me incluindo em toda a sua agenda do final de semana, como se fossemos...
Balancei a cabeça sem querer aprofundar os pensamentos, pois naquele final de semana só queria curtir a vida com meus amigos.
-Bia... Bia – Jessy tirou-me dos meus pensamentos.
-Oi.
-Está no mundo da lua – ela sorriu, escolhendo o batom.
-Não, só pensando.
-Esse final de semana será intenso!
-Nossa! – gargalhei. – Que profundidade. Ele será movimentado, intenso eu já não sei.
-Escreva o que estou dizendo. Voltaremos para a Federal na terça, resolvidas – pulou da cadeira, indo em direção ao vestido rosa, que havia escolhido.
-Uau! Que animação! Estou vendo que você e o loirinho estão quase indo para a decisão final.
-Só nós, Maria Beatriz? – revirei os olhos.
-Deixa como está, me divirto bem mais vendo vocês dois – dei de ombros. Mas quem eu queria enganar, minha melhor amiga?
-Sei. Vou fingir que acredito – não, eu não enganava Jessianny.
-Vamos terminar de nos arrumar, daqui a pouco o Léo chega buzinando com toda sua delicadeza e paciência – rimos e fomos nos trocar. Havia escolhido um vestido dourado, cabelos soltos, lentes de contato, e maquiagem leve. Já Jessy tinha estava com um rosa.
Leonardo buzinou assim que chegamos ao andar debaixo, já estávamos nos despedindo de João.
-Tome cuidado durante esse final de semana e qualquer coisa me ligue.
-Pai, eu tenho vinte anos e o seu celular nunca pegou no meio daquele rio – ele riu.
-Pode deixar, Seu João, qualquer coisa a mãe cuida dela.
-Viu só, não precisa se preocupar, apenas se divirta – beijei seu rosto e escutei Léo buzinar novamente.
-Já vamos! – gritei. - Que apressadinho! – Jessy e João riram.
-Vocês também e cuidado, filha. Não aceite nada de estranhos...
Fomos saindo de casa antes que o peão acordasse meus vizinhos, acompanhadas ainda pelo sermão de João.
-Léo, cuide das meninas, ok?
-Estou aqui para isso, Delegado – ele sorriu e me deu o vislumbre da sua beleza, saindo do carro para abrir a porta do passageiro para mim.
-Está linda, guria – sussurrou, beijando meu rosto.
-Tu não estás nada mal também, peão –respondi conferindo seu look. Léo estava com uma calça jeans e uma camisa azul marinho, com os cabelos arrumados.
-Apesar de achar esses vestidos muito curtos, não é, Jessianny Ávila?
-Já vi piores, Leonardo Ávila – gargalhei da mesma ironia que ela usou.
-Eu amo as brigas de vocês.
-Vamos parar com isso, que Boi e  André estão esperando a gente na frente da boate.
-Ok, senhor apressadinho. Quase acordou todos meus vizinhos com esse seu trambolho barulhento.
-Não me provoque, Maria Beatriz. E muito menos chame meu carro de trambolho – Léo arrancou com o carro da frente de casa, mas antes me secou de cima em baixo, deixando-me até sem graça. Ele tinha esse poder sobre mim. Seu olhar pesava mais que uma tonelada dependendo da intensidade daquele verde.
A Kiss estava lotada. Boi e André conversavam animadamente na porta da boate, mas quando nos viram acenaram.
Passava das onze da noite e a fila já não estava tão grande.
-Boa noite, gurias – Boi veio cheio de graça, assim que descemos para Léo estacionar mais a frente.
-Boa noite, Boi – beijei seu rosto e Jessy deu-lhe um safanão.
-Isso que dá ter intimidade com as pessoas – ele esfregou a nuca.
-Também te amo, Boi – sorrimos e beijei também a bochecha de André, observando de longe seu olhar dirigido a minha amiga. Aquele era o dia deles, estava sentindo.
-O que rola? – Léo chegou tocando sutilmente minha cintura, com Jessy suspirando, percebendo o gesto.
-Nada, vamos entrar? – André falou pela primeira vez.
-Vamos. Mas já fiquei sabendo que a Gurizada só entra depois da uma e meia.
-Que informado, Boi. Jogou charme para quem? – Léo fez graça, dando um safanão nele também.
-Virei saco de pancada agora. Só porque sou grande, não quer dizer que não tenha sentimentos.
-Emburrou.
-Para, Léo. Liga não, Boi, sei que tens sentimento – toquei seu ombro, sendo puxada para mais perto de Léo.
-É, marrentinha, ninguém respeita o Boi aqui – me abraçou fazendo graça para Léo.
-Vamos entrar antes que saia morte. Estamos travando a fila, perceberam não? – rimos de André, entrando na boate mais famosa da cidade.
E aquele arrepio que me perseguia desde a primeira vez que passei em frente a ela, voltou com tudo. Mas deixei para lá quando começamos a beber e nos divertir na área vip, enquanto a banda não iniciava sua apresentação.
Estava na minha terceira taça de um coquetel forte e doce de morango, quando vi que Jessy e André conversavam animadamente em um canto da pista. Já Boi jogava vários xavecos em algumas meninas perto de nós. E Léo, bom esse era um caso a parte. Poderia estar fazendo como o amigo de infância, paquerando todo mundo, ou como o amigo da faculdade, “resolvendo” sua vida, mas não, ele estava parado, encostado em um pilar tomando sua cerveja e me vendo dançar animada na pista de dança.
Não sei se por conta da bebida, que já havia subido, ou da vontade de também “resolver” nossa situação, aproximei-me dele, puxando-o para a pista comigo.
-Bia, acho melhor não. Eu não sei dançar essas coisas.
-Então acho que bebeu pouco hoje, – apontei para sua cerveja – pois semana passada... – ele sorriu e começou a movimentar seu corpo junto com o meu.
Eu ondulava meus quadris nos dele e podia sentir sua animação bem próxima as minhas costas. Sorri, pois ali eu tive a certeza que provocava alguma coisa no meu peão.
-Você está me deixando doido rebolando desse jeito – sussurrou no meu ouvido.
-Eu amo essa música, sabe o que ela quer dizer? – virei jogando os braços em volta ao seu pescoço.
-Não – nossas respirações estavam entrecortadas.
-Só quero sentir o momento – sussurrei, beijando seu rosto. - One day when the light is glowing. 'll be in my castle golden. But until the gates are open. I just want to feel this moment. Oh oh... I just want to feel this moment. Oh oh... I just want to feel this moment – cantei grudada a ele, voltando a dançar ao som de Pitbull e Christina Aguilera.
            Léo se soltou e quando percebemos estávamos os dois nos acabando naquela pista.
            -Viu só, era só dar um empurrãozinho – estava ainda agarrada no seu pescoço.
            -Você me deixa alucinado – sorri.
            -Eu não. A música e a cerveja sim – Léo escondeu o rosto no meu pescoço e senti que estávamos nos entendendo ali. Rimos muitos dos tocos que Boi tomava, dançamos com Jessy e André e dei graças a Deus por Léo ser tapado e não perceber o clima entre eles. Resolvi então que era a hora de ir para o banheiro me arrumar para a cartada final. Eu agarraria Léo e seria naquela noite. – Pega outro para mim, Léo. Vou fazer xixi – sussurrei no seu ouvido, lhe entregando a taça vazia.
-Você está muito exigente hoje – brincou pegando a taça. – Vai lá, te espero. Quer de morango de novo? – gritou quando já estava me afastando.
            -Quero – mandei um beijo e ele gargalhou.
            Meu peão...
Suspirei, olhando para o enorme espelho do banheiro feminino.
Fiz xixi e tentei arrumar o cabelo, que estava desgrenhado por conta da nossa dança, passei um pouco de batom, retocando também o resto da maquiagem e saí de lá decidida, mas o que vi assim que cheguei perto do bar fez-me quase borrar toda a maquiagem que tinha acabado de retocar.
            Léo estava conversando animadamente e muito perto de uma loira siliconada, que só faltava se jogar em seu colo, ainda por cima com minha bebida na mão. Não que eu fosse uma morena maravilhosa, estava bem longe disso, mas aquela lá estava mais para uma das vacas de laboratório do seu curral.
            Morrendo de raiva, não deixei por menos. Fui até eles e bruscamente peguei minha taça da sua mão, tomando-a em um gole só, deixando os dois sem nenhuma reação.
            -Obrigada – virei às costas, limpando a boca com as mãos e saí correndo.
            -Aonde tu pensas que vai? – Léo foi mais rápido, segurando meu braço com força.
            -Embora – dei de ombros. – Desculpe, não queria atrapalhar sua conversa, é que às vezes estar com uma amiga pode atrapalhar, não é? Por isso é melhor eu ir – tentei sair, mas ele apertou ainda mais meu braço.
            -É. Você tem razão, às vezes é uma droga ser amigo – senti meus olhos arderem e não precisava estar sóbria para saber que em poucos minutos estaria chorando. – Vou te levar embora.
            -Não precisa me levar embora e depois voltar para pegar aquela ali. Eu posso muito bem pegar um táxi. Volte para lá, ela está olhando para você – apontei, gritando.
-Cala boca, Maria Beatriz, você não sabe de nada. Vem, vou avisar o Boi – saiu me arrastando pela boate a fora.`
-Tu estás me machucando.
-É para machucar mesmo, quem sabe para de pensar besteira – avistamos Boi com uma menina e percebi que Léo estava muito irritado.
Ai, eu tinha acordado o monstro do curral.
Agora aguente, Maria Beatriz.
Mas o que ele queria, que eu me apresentasse à sua colega loira siliconada?
-Boi, estamos indo embora – ele gritou para o amigo.
-Como? – olhou de mim para Léo parecendo entender.
-Eu estou indo embora e não ele, Boi – fiz birra.
-Cala a boca, Bia. Eu já pedi – ele gritou.
-Marrentinha, é melhor mesmo vocês conversarem – Boi segurou meu ombro. – Na verdade já passou da hora, não é, moço? – encarou Léo e fiquei sem entender.
-Não enche tu também. Só leve a Jessianny para casa, ok.
-Sem problemas, eu levo. E vocês se resolvam por favor – usando a palavra “resolver”, Boi me fez lembrar Jessy e ter a certeza que ela já havia resolvido o problema dela, em compensação eu...
-Vem.
-Tchau, Boi – acenei para meu novo amigo.
-Tchau. E juízo vocês dois.
Léo me puxou para fora da boate e assim que pisamos na calçada, fez com que nossos olhos se encontrassem.
-Agora a gente pode conversar como duas pessoas adultas?
-Não estou vendo nenhuma criança aqui – cruzei os braços e senti como se um balde de água fosse jogado em mim. Foi ali que percebi que estava chovendo horrores.
-Estou vendo que só te pegando de jeito mesmo, não é? – ele me empurrou até a caminhonete e praticamente me jogou lá dentro. Ok!  Vamos dizer que gosto um pouco do monstro do curral.
-Não quero molhar sua relíquia de caminhonete – sabia ser birrenta.
Ele não deu bola, sentando do meu lado , ligando o carro e acelerando pelas ruas desertas de Santa Maria.
-O que você pensa que eu sou, Maria Beatriz?
-Não sei, por que está me perguntando isso? – falei mimada.
-Acha mesmo que eu ficaria com a Mônica?
-Mônica é o nome dela? – devolvi a pergunta.
-É. Uma menina que estudou comigo o ano passado.
-E que estava a fim de estudar de novo, só que agora anatomia. Acha que não vi como ela estava se jogando para você – a bebida estava destravando minha língua. – Não que me interesse. – tentei, em vão, brecar os pingos que teimavam em cair no seu tapete, pois estávamos os dois ensopados.
-Não? – um silêncio que chegava a doer se instalou dentro da caminhonete e foi aí que percebi que ele havia ligado o rádio em uma estação qualquer, que a uma hora dessas só tocava músicas românticas. Era tudo que precisava.
Always de Bon Jovi começou a tocar no alto falante então eu resolvi quebrar o gelo.
-Sabe o que quer dizer esse trecho? – disse normalmente.
-Não, Maria Beatriz, eu não falo inglês e essa é a segunda vez que me pergunta isso hoje – ele estava muito irritado.
-Nem eu. Desisti de três cursos de inglês, sabia? Mas o que mais marca um aluno nesses cursos são as músicas que você aprende a letra. E essa foi uma delas.
-Interessante.
-Desculpa.
-Você está pedindo desculpas? – olhou para o lado, encontrando meu olhar no dele.
-Estou. Eu... Eu não gostei de ver você conversando com aquela loira – fui sincera.
-Eu só estava conversando com ela.
-Mas ela queria você.
-O problema é dela. Para que eu pudesse me interessar por aquela loira hoje, Maria Beatriz, outra teria que parar de... Deixa pra lá – sorri timidamente.
-Mas... Você sabe o que quer dizer essa música? – ele me olhou sem entender. Não, eu não estava desconversando.
-Não – sorri e comecei a falar.
-Sim, e eu te amarei, querida, sempre. E estarei ao seu lado por toda a eternidade sempre. Se você me dissesse para chorar por você, eu choraria. Se você me dissesse para morrer por você, eu morreria. Olhe para o meu rosto. Não há preço que eu não pagaria. Para dizer estas palavras a você – naquele momento senti o carro parar e percebi que havíamos chegado na minha casa. – Me perdoe, é que a gente estava tão bem, tão feliz, tão... Junto. E de repente... – comecei a chorar.
-Eu não teria nada com ela, Bia – Léo enxugou meu rosto – a gente estava bem, feliz, junto – foi se aproximando, não deixando quase nenhum espaço entre nós. – Eu queria que fosse tão diferente, tinha arrumado tanta coisa na minha cabeça – colocou uma mecha de cabelo que estava grudado no meu rosto atrás da minha orelha. – O que você quer, Maria Beatriz? – disse sofregamente, com os olhos fechados.
-Que me beije – Léo gemeu tocando nossos lábios singelamente.
-Sabe há quanto tempo eu desejo fazer isso, guria?
-Quinze dias? – ele sorriu depositando mais um selinho na minha boca.
-Bem mais – o encarei sem entender. – Eu imaginava isso desde quando o Delegado falava de você, mostrando suas fotos. Você é tão linda, pequena – acariciou meu rosto, o que me fez deitar em sua palma, ainda mais apaixonada.
-Me beija, Léo – dessa vez meu pedido foi atendido com prontidão. Léo agarrou minha nuca, puxando-me mais para ele e quando nossas línguas se encontram gememos juntos de satisfação. Ele beijava tão bem como nos meus sonhos. Sua pegada me deixava maluca e a partir daquele momento, viciada também. Leonardo poderia ser grosso, intolerante, mandão, mais era o amor da minha vida. Entreguei-me mais ao nosso beijo e quando me dei conta já estava no seu colo, agarrada a sua nuca com outra música romântica começando a tocar.
-Eu juro que se amanhã você não se lembrar de nada, Maria Beatriz, vou te dar uma coça – gemi, escorregando ainda mais para seu colo, grudando nossos corpos molhados.
-Eu não tenho amnésia, peão.
-Mas pelo tanto que você bebeu hoje – ele torceu a boca, beijando meu pescoço.
-Eu nunca esqueceria isso – toquei nossos lábios novamente, mas a fome foi maior, ele introduziu sua língua na minha boca e nos beijamos loucamente.
-Tu és tão linda, cheirosa. Porra, pequena. – Léo agarrava meus cabelos enquanto falava, demonstrando toda a intensidade das suas palavras nos gestos.
-Você não fica atrás – sorri, repetindo seu gesto.
-Eu queria ter feito isso certo.
-E o que tem de errado? – deitei no seu ombro, aspirando seu perfume, sentindo-o arrepiar.
-Pequena, - ergueu meu rosto, deixando-o praticamente colado no seu – eu não estava fazendo nada com...
-Eu sei. Só senti ciúmes – deitei novamente no seu ombro e fui abraçada por ele.
-Você não precisa disso.
-A tchim – espirrei, sentindo minha garganta fechar.
-Ei – me apertou ainda mais a ele. – Tu vais ficar resfriada.
-Estou bem. Foi a chuva – tentei limpar o nariz com as costas da mão. – Você perdeu o show da sua banda – dei-me conta da burrada que havia feito. – Ainda dá tempo, quer voltar? – olhei para ele, esfregando o nariz.
-Trocar isso aqui – me apertou mais a ele – por um bando de gurizada? – Léo fez graça, fingindo pensar – acho que não, pequena – sorri e ficamos ali trocando carícias e beijos.
-A tchim – tive uma crise de espirros depois de mais um tempo no seu colo.
-É melhor entrar. Está esfriando e tu estas ficando quente – tocou meu rosto.
-É só alergia, – dei de ombros, sentindo meu corpo começar a doer – mas é melhor eu entrar mesmo, preciso de um banho. A gente se vê amanhã?
-Tu ainda perguntas? – ele sorriu lindamente, distribuindo beijos por todo o meu rosto e pescoço.
-Léo... – o chamei envergonhada da pergunta que queria fazer.
-Fala – ele esfregou o rosto, sinal que estava começando a ficar com sono, já que se passava das duas e meia da manhã.
-Tu...
-O que foi, pequena?
-Você não vai voltar para a Kiss, não é? – escondi o rosto no pescoço.
-É para ter vergonha mesmo – disse bravo. – Olha para mim, Maria Beatriz – ergueu meu rosto. – Eu vou para casa. Estou com sono e tudo que queria fazer essa noite, já fiz – sorri e o beijei.
-Desculpa.
-Agora entre, não quero ver você doente.
-Ta – nos arrumamos, saindo do carro e Léo correu comigo até a porta.
-Vou te ligar assim que chegar na fazenda.
-Não precisa – estava envergonhada.
-Faço questão.
-Eu confio em ti – era verdade aquilo. – Só tive ciúmes.
-Mas eu vou ligar.
-Então vou te esperar.
-Se cuida, pequena.
-Você também. E... Eu...
-Não precisa falar, eu ajo por ti – me agarrou, fazendo com que nos aprofundássemos em mais um beijo.
-Até amanhã, Léo.
-Até amanhã, pequena.
E meu peão se foi.
E nós havíamos “resolvido” nosso problema.
Tomei um banho quente, colocando meu pijama rosa e joguei-me na cama ainda sentindo seu gosto na minha boca, suas mãos na minha pele, seu cheiro no meu nariz e seu boa noite no meu ouvido, já que me ele ligou como prometeu, assim que chegou em casa.
Eu estava apaixonada e era correspondida.
Existia coisa melhor na vida?
Agarrei o Bartolomeu e dormi feliz, depois de ter tomado um analgésico. Pois estava sentindo que a gripe chegaria com tudo. Como aconteceu com meu peão garanhão.
Agora MEU de verdade.

Cenas dos próximos capítulos