sábado, 28 de novembro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 16


                                     
  Capítulo 16 – Minha marrentinha
                     "Mas talvez você não entenda... Essa coisa de fazer o mundo acreditar...                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Que meu amor não será passageiro... Te amarei de janeiro a janeiro...                     Até o mundo acabar... "
De janeiro a janeiro – Nando Reis e Roberta Campos

Léo
Nunca me passaria pela cabeça que isso fosse acontecer quando viéssemos para São Paulo.
Maria Beatriz sempre foi a melhor parte de mim, nunca quis deixá-la nesse estado.
Lembro da primeira vez que a vi, em uma noite que visitei o Delegado João, na sua casa.
Linda...  Aqueles olhos verdes me fascinaram desde o começo, mesmo ainda sendo apenas uma pintura emoldurada na parede. Chegando ao ponto de ser chamado de louco por Boi quando confessei que a menina da foto não me saía da cabeça e que ela seria minha.
Sabia exatamente quando ela estaria voltando para Santa Maria e lá estava eu, louco para ser atropelado por ela.
Sim, eu armei uma encomenda no aeroporto para ser a primeira pessoa com quem ela esbarraria assim que pisasse na cidade. E quando João chegou, meu coração parecia querer saltar para fora com medo de ser descoberto.  Mesmo desconfiando, disfarçou bem.
Corri o risco. Não abriria mão de tê-la nos meus braços antes de voltar à faculdade. Nenhum engraçadinho iria se meter com minha garota. E quando Leonardo Ávila colocava uma coisa na cabeça, ninguém tirava!
Naquela mesma noite tentei mostrá-la como podia ser legal e a quermesse veio a calhar. Quando entramos naquela cabine de fotos, minha vontade era beijá-la, mas não queria assustá-la, iria devagar.
Dias depois estraguei tudo, entrando feito um bronco no curral. Precisava aprender muito ainda, principalmente se quisesse conquistar minha pequena.
Ela nunca baixou a cabeça, me enfrentou desde o primeiro dia, mostrando que não teria medo do monstro do curral, apelido que me deu quando me viu cuspindo fogo.
Depois daquela primeira festa na república, não tinha mais para onde fugir. Mesmo parecendo tão superior e bronco a respeito de sentimentos, quando se tratava de Maria Beatriz meus quatro pneus arriavam.
Minha marrentinha não queria vir para São Paulo e eu e João, insistimos para que ela pudesse ver a mãe e enfrentar seus medos, que até aquela noite não entendia muito bem do que se tratava.
Precisava falar com o Delegado, por isso me remexi debaixo do seu corpo, devagar para não acordá-la, não queria assustá-lo no meio da madrugada. Quando acordássemos conversaria com Bia, para que ela mesma contasse ao pai o que tanto lhe afligia.
Ela, que me parecia tão forte quando me enfrentava todos os dias, naquele momento estava completamente entregue e fora de si, em busca de remédios que nem sabia que ela tomava.
Diante de tantos conflitos, mais o ódio que estava sentindo daquela pessoa que se intitulava sua mãe, tentei dormir passando toda a proteção e amor para minha menina que agora estava agarrada a mim, tão desamparada e tão entregue.
Se pudesse, naquele momento, daria todo o amor que Maria Elisa negara para minha pequena. Eu ia tirar  toda a angústia de dentro daquele peito sofrido. Faria que cada lágrima caída secasse. E seu sorriso voltaria a brilhar assim como o sol que novamente iluminaria nossas vidas. Era assim que eu queria e ia fazer.
Um sol brilhando forte, enquanto brigava, sorria, amava...
Agora havia se fechado no meio de tantas nuvens, há tanto tempo evitadas por ela.
Por isso ela não queria tocar no assunto, o receio da viagem. Porra! Como  pude ser tão burro?  Estava na cara o tempo inteiro.
Dormi com aquele sentimento de culpa pesando no meu peito, que só piorou, quando pela manhã não a encontrei ao meu lado.
-Bia –  chamei da cama, mas nenhuma resposta foi me dada. – Pequena – fui até o banheiro e droga! Maria Beatriz tinha sumido e levado todos os remédios.
Saí cambaleando do quarto encontrando sua mãe tomando café calmamente na sala.
-Onde ela está?
-Ela quem, garoto?
-A Maria Beatriz não está no quarto, aonde ela foi? O que fez com ela? – acusei sem conseguir raciocinar direito pensando em minha pequena no meio daquela cidade tão grande.
-Pensei que estivesse dormindo, – deu de ombros – é o que ela faz quando toma aqueles remédios.
-Como teve coragem de deixar sua filha chegar nesse estágio? – a olhava incrédulo.
-Você não sabe de nada.
-Não, eu não sei. Mas daria tudo para saber – sentei cansado, vendo-a levantar e começar a andar de um lado para o outro, pela primeira vez demonstrando um pouco de sentimento.
-Eu só queria a felicidade dela, aqui ao meu lado. Com um mundo inteiro para se conhecer – sentou ao meu lado.
-Em nenhum momento pensou que não era isso que ela queria – foi minha vez de levantar, impaciente. – Que ela só precisava ser amada, depois de se sentir um erro a vida inteira? Não conheço a senhora, Dona Maria Elisa, mas conheço sua filha e ela é bem diferente da menina que vi aqui acuada ontem querendo apenas um abraço seu – senti meus olhos arderem. – Me fale onde ela pode estar, por favor.
-Vem comigo.
A mãe de Bia me levou, em silêncio, para um parque muito bonito, no meio da cidade. O lugar era cercado de árvores, passarinhos cantando e logo percebi que ali minha menina se sentia bem.
-É melhor você ir sozinho – assenti.
- Por favor, deixe nossas coisas na portaria, como disse para senhora ontem a Maria Beatriz não volta nunca mais para tua casa no que depender de mim – Maria Elisa baixou os olhos.
-Cuide dela.
-É o que estou fazendo – desci do carro, começando a correr feito um louco para dentro do parque.
As pessoas caminhavam, brincavam com crianças, cachorros e senti pela primeira vez, paz naquela cidade tão grande, que tinha feito tão mal a minha marrentinha.
Andei mais alguns metros encontrando-a sentada debaixo de uma árvore, encolhida como se tivesse com medo.
Agachei, tocando seu rosto lindo, vermelho de tanto chorar. E quando me olhou percebi que seus olhos estavam longe, com certeza por conta dos remédios que havia tirado do armário do banheiro.
-Eu te mandei embora – fungou, encolhendo-se ainda mais.
-Tu já fizeste isso algumas vezes, pequena. Mas eu nunca fui, sabe por quê? – coloquei seu corpo pequeno no meu colo.
-Não.
-Porque te amo, não sei mais viver sem vc. – sussurrei no seu ouvido.
-Sou muito complicada, Léo. Não sou boa para ti. Deveria mesmo ter ido embora – sorri, beijando seus cabelos quando senti que seu corpo não concordava com suas palavras, pois se aconchegou ainda mais nos meus braços.
-Quem tem que decidir isso sou eu, guria. E não vou para lugar algum. Precisamos continuar a nossa viagem – ela me olhou sem entender. - Vou te levar para um lugar bem bonito hoje
-Onde? Não quero voltar para casa dela.
-Não vamos – beijei levemente seus lábios. – Lembra que te disse que nossa viagem seria especial?
-Lembro.
-Nós vamos passar o Ano Novo na praia – seus olhos se iluminaram um pouco.
-Mas lá essa época do ano é uma loucura.
-Já deixei tudo reservado – a vi sorri pela primeira vez desde ontem.
-Eu te amo.
-Eu também te amo, pequena. Só deixa eu cuidar de ti, por favor – me apertava ainda mais a ela, como se disso dependesse a nossa vida.
-Eu deixo.
Ficamos mais um tempo ali apenas nos curtindo e mesmo sentindo que teríamos muito ainda o que conversar, queria que ela estivesse mais forte, sem o efeito daqueles remédios, para lhe dar a certeza que nada faria com que saísse do seu lado.
Liguei para a locadora de carros, que tinha reservado desde Santa Maria e essa o levou até nós no parque.
Já no caminho para a praia percebi que minha pequena olhava para o nada desde que saímos da cidade, então resolvi puxar um assunto qualquer.
-Reservei uma pousada gostosa em Ubatuba – ela virou um pouco o rosto para mim sorrindo, porém logo voltou para a janela.
-Eu gosto de lá.
-Eu sei, tu me contaste de um Ano Novo que passou com João lá, ele que me ajudou.
-Meu  pai é bom para achar essas coisas no meio do mato.
-Verdade – sorri apertando sua mão. – Não vai ter muita balada, mas eles me garantiram que a ceia e a fogueira são garantidas.
-Vai ser gostoso.
-Trouxe roupa branca? – queria animá-la.
-Vestido, blusa e biquíni e o senhor? – beijei sua mão quando nossos olhos se encontraram e percebi que ela sorria com eles.
-É claro que sim.
-Ótimo. É tradição passarmos o Ano Novo com roupa branca.
-Trouxe a cueca também, dizem que as mulheres compram um arco íris de calcinhas para escolher o que vão querer no próximo ano – ela virou todo o corpo, deitando a cabeça no meu ombro.
-Mas é um bobo mesmo.
-Que cor é a sua, pequena – ela me olhou intensamente.
-Branca. Eu só quero voltar a ter paz, Léo.
Pronto!
O burro xucro aqui tinha estragado tudo, Bia logo fechou os olhos e só  abriu quando chegamos à pousada.
Havia escolhido uma a beira mar, isolada da cidade, onde pudéssemos ter sossego e começar o Ano Novo nos curtindo com os pés na areia.
Já era dia trinta e um e a movimentação dentro dela era intensa.
Um funcionário nos ajudou com a bagagem e quando chegamos ao nosso quarto, Bia foi direto para o banheiro, saindo de lá com um biquíni e uma saída de praia, brancos.
-Vamos! O que está esperando? – beijou meu pescoço.
-Vamos, pequena, quero aproveitar o restinho de tarde contigo dentro da água – agarrei sua cintura.
-Eu também – ela sorriu jogando minha mochila, enquanto ia atrás do protetor solar.
Maria Beatriz não havia tocado no nome da mãe em nenhum minuto, nem quando tivemos que passar no seu prédio para pegar nossa bagagem, comigo avisando no caminho, que já tinha pedido para deixarem as malas na portaria.
Já na praia, que ficava a alguns metros da pousada, conseguimos nos distrair, mesmo percebendo minha pequena ainda tensa.
Entramos na água, brincando como duas crianças, pulando ondas, tentando afogar um ao outro e rindo muito.
Voltando para a areia, completamente ofegantes, aconcheguei-a nos braços vendo seus olhos perdidos naquela imensidão sem fim a nossa frente.
-Que tal um cochilo? – beijei seu pescoço.
-Só se tu me amares antes! – virou o corpo, enlaçando as pernas na minha cintura.
-Isso foi um pedido? – sorri malicioso.
-Foi! – gritou quando levantei com ela no colo e corri até nosso quarto, amando-a por inteiro.
...
Acordei novamente sozinho e mais uma vez o desespero me invadiu. Onde Maria Beatriz tinha se metido? Será que precisaria amarrá-la no pé da cama?
Sentei na cama e quando olhei para seu travesseiro vi um envelope ali, fazendo meu coração gelar sem saber para onde ir primeiro. Pois se saísse correndo atrás dela não saberia o que havia naquela carta, então respirei fundo, rezando para que minha marrentinha não tivesse feito nenhuma besteira e abri o envelope, observando sua letra redondinha contida ali.
Oi, amor!
Depois de tantas coisas descobertas de ontem para hoje, resolvi me apresentar de verdade.
Prazer, meu nome é Maria Beatriz Albuquerque.
Um pouco mais complicada que a namorada até então vista por ti.
Um dia tu me disseste que não conseguia expressar seus sentimentos tão bem quanto eu. E pela primeira vez, eu menti.
Nunca soube lidar bem com minha vida, Léo. Mas as palavras sempre foram minhas companheiras, por isso decidi contar um pouco de mim através dessa carta.
Fui uma criança muito assustada, sempre com medo de tudo, sendo maltratada por Maria Elisa e amparada todas as vezes por meu maior protetor e melhor amigo, João.
Só que as coisas se complicaram muito, quando no meio da minha adolescência conturbada, ela resolveu ir embora de casa, me levando  junto. Implorei para que me deixasse em casa, com meu pai, mas ela foi irredutível, sempre com a mesma desculpa de querer me fazer conhecer o mundo.
Eu só queria ser feliz, como agora estou ao lado do meu pai, da Jessy, do Dé, do Boi, dos seus pais e principalmente ao seu lado, amor.
Minha mãe sempre me crucificou por isso. E a cada dia que se passava sentia cada vez mais a tristeza tomar conta de mim, até não conseguir mais sair  da cama.
E eu só tinha quinze anos.
Para facilitar sua vida, ela me levou a um psiquiatra, dopando-me de remédios sem se preocupar em perguntar como eu estava, ou apenas me colocar no colo.
Comecei também a me tratar com uma terapeuta e foi através do trabalho da Laura, que me apaixonei pela psicologia.
Em nenhum momento quis preocupar João com meus problemas. Pode ter sido meu maior erro, mas pensei que voltando para minha casa tudo ficaria bem, até parei de tomar meus remédios, só que vi tudo voltar ontem à noite e surtei na sua frente.
Nunca quis me matar, como a Maria Elisa disse. Acho que sou muito covarde para isso.
Tomei sim, doses excessivas de remédios para que pudesse dormir. Era apenas essa minha vontade, ver o tempo passar até receber a notícia que poderia voltar para Santa Maria.
Ela nunca se deu o trabalho de me perguntar o que estava acontecendo. Sempre muito ocupada com seu novo trabalho, os amigos e a cidade que a conquistava a cada noite. Chamava-me de suicida e problemática, porém descobri com a terapia, que isso a incomodava.   Eu era o reflexo das atitudes grosseiras dela e ela jamais aceitaria que errou tanto comigo.
Minha mãe sempre esteve em busca de algo e tenho a impressão que nunca irá encontrar. E meu medo, amor, era terminar como ela.
Mas o meu sol voltou a brilhar no dia que te atropelei no aeroporto. Aquele foi o momento mais feliz da minha vida. Voltei para os braços do meu pai e cai literalmente nos seus.
Ali não precisava mais sofrer. Queria e voltei a ser feliz.
E hoje, morrendo de vergonha, depois de apresentá-lo a quem tanto quis esconder, me abro inteiramente pra ti , amor.
Espero que possas me perdoar e venha me encontrar na praia para começarmos, assim como o ano novo, uma vida nova, juntos.
Te amo muito.
E obrigada.
Beijos
Tua marrentinha.
Terminei de ler sua carta com lágrimas nos olhos.
Sim, minha marrentinha havia finalmente confiado em mim e ali percebi que mesmo com tantas coisas para conversar, nos considerávamos o sol um do outro.  A mim, só restava aquecê-la com um abraço, iluminando-a com meu sorriso , mostrando que tudo ficaria bem.
Saí correndo pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas, encontrando-a sentada à beira mar, inteiramente de branco, a espera de algo novo, que com certeza daria a ela.
-Muito prazer. Eu sou o Leonardo – cheguei de mansinho, vendo seu olhar perdido observando as ondas no mar.
-Maria Beatriz, muito prazer – virou, sorrindo timidamente.
-Obrigada pela história – sacudi a carta.
-Tinha tanto medo que me achasses louca e não quisesses mais ficar comigo.
-Então precisamos mesmo começar de novo – sentei-me ao seu lado na areia. – E agora será minha vez de me apresentar – entrelacei nossas mãos, sem desconectarmos o olhar do mar. - Meu nome é Leonardo Ávila. Moro em Santa Maria, Rio Grande do Sul – Bia começou a chorar e a peguei no colo. – E me apaixonei a primeira vista por uma linda menina há uns tempos atrás.
-Essa menina também se apaixonou a primeira vista, sabia? – fungou.
-Acho que não no mesmo dia que eu – beijei seus cabelos. – Me apaixonei por um quadro e desde então sonhei com minha marrentinha todas as noites, sendo chamado de marica por Boi até hoje, depois que confessei isso a ele – Bia sorriu. – É... – balancei a cabeça - também acho que deveria ter feito isso com o Padre Olavo – gargalhamos. – Mas ainda tenho fé nos melhores amigos.
-Tu estás querendo me dizer que se apaixonou por mim antes de me conhecer? – ela parou de rir e fiquei com medo de ter cometido um engano ao contar o começo da nossa história para ela.
-É – disse envergonhado. E Bia fixou os olhos nos meus, curiosa. – Me apaixonei por ti ainda antes do Natal. Fui até tua casa convidar João para cear conosco quando me deparei com tua pintura na parede da sala. Encantei-me contigo a primeira vista.
-Isso é lindo! – ela suspirou, tocando meu rosto.
- E como sabia o dia da sua chegada, resolvi estar no aeroporto também – falei simplesmente.
-Tu me atropelaste, então? – acusou-me.
-Não. Tu me atropelaste – rimos juntos.
-Mas será que valeu a pena todo esse sacrifício, sabendo que sua marrentinha não passa de uma boba tentando resolver tudo sozinha? – vi seu semblante mudando novamente.
-Não será tão fácil se ver livre de mim, Maria Beatriz. Principalmente agora que a menina da pintura resolveu pedir ajuda, certo?
-Certo – baixou a cabeça.
-E pelo jeito vou me acostumar até mais fácil com essa nova marrentinha. Ela é mais calma e não briga – bateu no meu braço. – Aí, isso dói – Bia deitou a cabeça no meu peito.
-É para doer – sorriu.
-Podemos dizer que a menina está mais frágil, porém, não menos brava.
-Isso.
-Dez... Nove...
-A contagem? – ela perguntou olhando para o aglomerado de pessoas perto da fogueira.
-2013 vem aí, pequena – levantei, arrastando-a comigo.
-Temos muito que conversar ainda, não é?
-Desde que tu estejas preparada...
-Eu te amo.
-Também te amo, Bia. E prometo diante desse ano que se inicia que darei o céu e o mar para te ver feliz de novo – ela começou a chorar. – Sem choro, hoje eu quero só te amar – ergui seu corpo nos rodopiando até cairmos novamente na areia.
-Juro pra você, junto com esse ano que se inicia, começar uma nova vida junto de ti.
-E eu... – começou tocar Nando Reis e cantei em seu ouvido. – Olhe bem no fundo dos meus olhos. E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar. O universo conspira a nosso favor. A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar... Mas talvez, você não entenda. Essa coisa de fazer o mundo acreditar. Que meu amor não será passageiro. Te amarei de janeiro a janeiro. Até o mundo acabar...
E aquela era a mais pura verdade.
Lutaria por minha pequena, mesmo que ela me mandasse embora, que desistisse de tudo, que brigasse comigo.
Maria Beatriz era minha vida, e eu só ficaria bem se ela estivesse bem.
Simples assim.





sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Black Friday - Trilogia O Deputado. O Senador e O Presidente


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Vamos aproveitar essa sexta feira para conhecer um pouco mais desse temido político que transformará a vida dessa jornalista em um conto de fadas moderno....
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"Um conto de fadas moderno, onde podemos ver claramente a princesa sonhadora entrando pela porta da frente do castelo que sempre idealizou.
Mais o que esse castelo pode lhe reservar?
Será que toda sua idealização sonhadora pode vir por água baixo quando a vida real bater em sua porta, ou o amor e o encantamento falarem mais alto?
O príncipe não necessariamente precisa ser o mais perfeito do mundo, ele pode ter inúmeros defeitos, como qualquer ser humano na face da Terra. Mas e se suas qualidades sobressaírem a tudo que se identificar com sua princesa?"
Imperdível!!!!!!!!
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Beijocassss
Fe

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Dia de Ação de Graça...


Aqui no Brasil nós não temos muito o hábito de comemorar o dia de Ação de Graças, o que deveria ser diferente, pois nos Estados Unidos e em outras localidades essa data é tão especial como o Natal...
Mas nós podemos fazer nossa parte...
E hoje o dia é propício para isso...
Para o agradecimento...
Depois de um desabafo, onde mais uma vez compartilhei da minha vida com vocês, recebi em troca muito mais do que imaginava...
Na verdade, eu sou uma pessoa agraciada pela vida por ter anjos e intercessores ao meu lado diariamente que fazem da minha caminhada mais leve, mesmo que a mochila nas costas esteja pesada, cada uma tem o dom de carregá-la um pouco para si, distribuindo o peso e amenizando cada sofrimento e provas que tenhamos que passar.
Juntos no amor tudo se torna mais leve...
Conversando com uma amiga querida ontem, que me concede diariamente o presente de tê-la em minha vida, disse a ela que o amor é como o escudo da Bella. Lembram? Do último filme da Saga Crepúsculo, onde ela com seu amor protegia a todos com uma camada protetora única...
Por isso mesmo passando por muitas coisas, se estivermos de mãos dadas nada irá nos deixar cair, pois nossas mãos estarão apoiadas uma nas outras, em uma corrente única...
Por isso não temos o porque desistir...
Podemos cair sim...
Ter dias que só queremos colo...
Sem palavras ou um "Levanta a cabeça"....
Apenas um carinho....
E foi isso que recebi depois de segunda...
Amor...
Em forma de amor...
Apenas isso...
E para encerrar esse post em agradecimento, nesse dia tão especial, gostaria de apresentar a vocês o lindo presente que ganhei...
Quando eu comecei a postar Léo e Bia, sabia que não seria fácil, estava começando em uma plataforma de postagem nova, mas nunca pensei em desistir, querendo acima de tudo que essa história de amor cresça para que o mundo seja repleto de mais amor...
E hoje, prestes a maior virada na vida dos meus filhos, apresento a vocês seu rostinho novo, onde eles se mostraram mais firmes e fortalecidos na força de Deus e do amor...

Pois a partir de agora, o escudo da Bella será fundamental na vida de Maria Beatriz e Leonardo...
Obrigada a Joice Dias e a minha amada amiga e anjo intercessora, Fernanda Ribeiro por essa capa maravilhosa...
E Feliz Dia de Ação de Graças...
Vamos aproveitar para agradecer...
Sempre...
Por tudo...
Mesmo que ainda não tenhamos conseguido realizar todos os nossos desejos...
Uma hora eles virão...
Vamos crer...
Ter esperança...
Pois sempre será ela que nos manterá de pé....
Beijos
Fe

Carta de Bia para Léo...
Próximo Capítulo....

Oi, amor!
Depois de tantas coisas descobertas de ontem para hoje, resolvi me apresentar de verdade.
Prazer, meu nome é Maria Beatriz Albuquerque.
Um pouco mais complicada que a namorada até então vista por ti.
Um dia tu me disseste que não conseguia expressar seus sentimentos tão bem quanto eu. E pela primeira vez, eu menti.
Nunca soube lidar bem com minha vida, Léo. Mas as palavras sempre foram minhas companheiras, por isso decidi contar um pouco de mim através dessa carta.
Fui uma criança muito assustada, sempre com medo de tudo, sendo maltratada por Maria Elisa e amparada todas as vezes por meu maior protetor e melhor amigo, João.
Só que as coisas se complicaram muito, quando no meio da minha adolescência conturbada, ela resolveu ir embora de casa, me levando  junto. Implorei para que me deixasse em casa, com meu pai, mas ela foi irredutível, sempre com a mesma desculpa de querer me fazer conhecer o mundo.
Eu só queria ser feliz, como agora estou ao lado do meu pai, da Jessy, do Dé, do Boi, dos seus pais e principalmente ao seu lado, amor.
Minha mãe sempre me crucificou por isso. E a cada dia que se passava sentia cada vez mais a tristeza tomar conta de mim, até não conseguir mais sair  da cama.
E eu só tinha quinze anos.
Para facilitar sua vida, ela me levou a um psiquiatra, dopando-me de remédios sem se preocupar em perguntar como eu estava, ou apenas me colocar no colo.
Comecei também a me tratar com uma terapeuta e foi através do trabalho da Laura, que me apaixonei pela psicologia.
Em nenhum momento quis preocupar João com meus problemas. Pode ter sido meu maior erro, mas pensei que voltando para minha casa tudo ficaria bem, até parei de tomar meus remédios, só que vi tudo voltar ontem à noite e surtei na sua frente.
Nunca quis me matar, como a Maria Elisa disse. Acho que sou muito covarde para isso.
Tomei sim, doses excessivas de remédios para que pudesse dormir. Era apenas essa minha vontade, ver o tempo passar até receber a notícia que poderia voltar para Santa Maria.
Ela nunca se deu o trabalho de me perguntar o que estava acontecendo. Sempre muito ocupada com seu novo trabalho, os amigos e a cidade que a conquistava a cada noite. Chamava-me de suicida e problemática, porém descobri com a terapia, que isso a incomodava.   Eu era o reflexo das atitudes grosseiras dela e ela jamais aceitaria que errou tanto comigo.
Minha mãe sempre esteve em busca de algo e tenho a impressão que nunca irá encontrar. E meu medo, amor, era terminar como ela.
Mas o meu sol voltou a brilhar no dia que te atropelei no aeroporto. Aquele foi o momento mais feliz da minha vida. Voltei para os braços do meu pai e cai literalmente nos seus.
Ali não precisava mais sofrer. Queria e voltei a ser feliz.
E hoje, morrendo de vergonha, depois de apresentá-lo a quem tanto quis esconder, me abro inteiramente pra ti , amor.
Espero que possas me perdoar e venha me encontrar na praia para começarmos, assim como o ano novo, uma vida nova, juntos.
Te amo muito.
E obrigada.
Beijos

Tua marrentinha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 15


Capítulo 15 – Tudo errado

Nós os chamamos de fracos... Os que são incapazes de resistir... À mais exígua chance de que pode existir amor... E por causa disso abandonam tudo...
Standing Outside The Fire  - Garth Brooks

-Oi, tu viste o Léo? – era o terceiro amigo que perguntava sobre o paradeiro do meu namorado depois que saí da aula.
-Não, Bia. Não vi o Léo hoje.
-Obrigada.
Continuei andando pelo campus da Federal muito movimentada ainda por estarmos já em meados de dezembro. Mas isso eram resquícios da greve dos professores e funcionários que enfrentamos depois de setembro. Tendo que compensar todas as aulas até janeiro, só pausando no Natal e no Ano Novo.
Depois do episódio da Daniela, nunca mais lembrado, diga-se de passagem, eu e Léo estávamos muito bem.
Ta... Teve aquela vez que quase voei no pescoço de uma vaca na festa da república do Dé e o dia que Léo “exigiu educadamente” que o cara se retirasse da festa por estar encarando minha bunda.
O monstro do curral também apareceu algumas vezes, fazendo com que Léo rebolasse para conseguir o meu perdão.
Mas tirando isso, estávamos em paz. Até Maria Elisa havia sido tirada de sua lista de conversas primordiais, fazendo-me respirar aliviada, principalmente depois que contei sobre meu namoro, ainda tendo que ouvir...
“Vindo de você não é algo que me espanta, Maria Beatriz. Começar a namorar quinze dias depois da sua volta a Santa Maria com um peão de fazenda. Agora para completar só falta cometer o mesmo erro que eu...”
Sim, para minha mãe eu era seu maior erro.
Mas isso guardaria dentro de mim, não querendo chatear o pai, que era uma das pessoas mais especial para mim, se desdobrando entre seu papel e o de mãe. E muito menos Léo, que teria apenas dó por eu não ter a família tão perfeita como a dele.
Avistei André do outro lado do campus e corri até ele para ver se pelo menos o melhor amigo tinha alguma noticia sobre meu namorado.
-Dé – gritei.
-E aí, Bia, beleza? – sempre tão sossegado.
-Sim. Tu viste o Léo?
-Ele saiu depois da primeira aula e não falou para onde ia.
-Estranho.
-O que é estranho? – Jessy se aproximou, beijando o namorado.
-Seu irmão sumiu.
-Serve aquele? – apontou de onde vinha o barulho estrondoso daquele trio elétrico que Leonardo ainda intitulava de caminhonete.
-Onde tu estavas? – não deixei o pobre nem estacionar direito.
-Oi, pequena – beijou minha boca. – Também vou bem, e ti?
-Não enrola, Leonardo. Onde estavas? – sim, nós éramos possessivos.
-Fui comprar isso aqui – sacudiu um envelope.
-O que é isso?
...
-Tu só podes estar brincando – entrei em casa feito um furacão
-Me escuta, Bia – Léo veio logo atrás ainda segurando as malditas passagens para São Paulo, que havia comprado com data para depois do Natal.
-O que está acontecendo aqui? – João veio da cozinha com a maior calma do mundo.
-Pergunte para seu genro, que teve a brilhante ideia de me levar para São Paulo – os dois se entreolharam, cúmplices. – Tu sabias – explodi. – O que é isso, um complô?
-Calma, Maria Beatriz. O Léo só acha certo conhecer sua mãe – gargalhei nervosa.
-Que lindo, vai pedir minha mão também para ela? Se prepare, Maria Elisa não é tão convencional e pode ser que até ria da tua cara – desdenhei, vendo-o baixar o olhar.
Porra!
A última coisa que queria nesse mundo era brigar com Léo, mas pensar na possibilidade de voltar para a casa de Maria Elisa me deixava completamente fora de mim.
-Desculpa, amor – respirei fundo, me aproximando e tocando seu rosto.
-Pequena, eu pensei em algo diferente para nosso Ano Novo e São Paulo é apenas uma delas. Sempre fui louco para conhecer aquela cidade e o seu litoral... Então pensei... – não poderia fugir para sempre e vendo que Léo só tinha boas intenções com essa viagem, resolvi arriscar.
-Tudo bem, nós vamos – os dois se olharam cúmplices novamente antes de Léo me abraçar, tocando nossos lábios com um selinho.
-Nada vai acontecer, pequena. Eu vou estar contigo.
-Eu sei.
Não, eu não sabia. E estava morrendo de medo.
...
-Calma, estou aqui – Léo tentava esquentar minhas mãos gélidas enquanto esperávamos nossas bagagens aparecer na esteira. – Que porra é aquela, pequena. Andar de avião é muito bom – sorri da sua animação e beijei seu rosto.
-E só de imaginar que foi em um aeroporto como esse onde tudo aconteceu.
-Onde tu me atropelaste quer dizer – apertou minha cintura, mordendo de leve meu pescoço. – Mas tenho que agradecer para sempre nossos destinos – segurou minha nuca, dando-me um beijo de tirar o fôlego.
-As malas, Léo – gritei quando as vi passar por nós, rindo.
Saímos da sala de desembarque nos deparando com Maria Elisa e isso fez com que fechasse completamente o sorriso de minutos atrás.
E que nossa senhora me ajude.
-Meus queridos – ela veio sorrindo ao nosso encontro.
-Oi, mãe – recebi seu abraço, contrariada, virando para apresentar Léo, porém para variar Maria Elisa foi mais rápida.
-Então é esse o peão que conquistou minha filha assim que ela pisou em Santa Maria? – revirei os olhos, da ironia que só eu percebia em suas palavras.
-Prazer, Dona Maria Elisa. Sim, sou eu o namorado da Maria Beatriz – eles se cumprimentaram educadamente.
-Vamos. Quero levá-los em um restaurante maravilhoso que reservei para jantarmos.
-Não precisa se incomodar – Léo me cutucou. Mas ele não a conhecia como eu.
-Faço questão, filha. Sabe há quanto tempo não nos vemos? – tocou meu rosto, tentando parecer carinhosa.
-Dez meses – contados todos os dias, por conta da felicidade de volta a minha vida.
...
-E você toma conta da fazenda? – Léo não havia soltado da minha mão desde que chegamos ao restaurante.
-Sim. Faço veterinária, mas acompanho meu pai desde criança nos cuidados da fazenda – sorri orgulhosa dele. – E a senhora faz o quê? – Léo era fogo.
-Trabalho em uma empresa de cosméticos desde que viemos para cá. Graças a Deus, mesmo tendo engravidado com dezoito anos, consegui terminar os estudos e hoje tenho uma ótima colocação – me remexi na cadeira, incomodada, não passando despercebida por meu namorado.
-Vamos?  Gostaria de te mostrar alguns lugares da cidade – toquei seu rosto lindo, que tentava transparecer o mais pacífico possível.
-Vamos sim.
-Podem usar meu carro – Maria Elisa ofereceu. – Vou ficar em casa a espera de alguns amigos.
-Não precisa. Obrigada.
-Essa menina, nunca parou em casa – balançou a cabeça, irritando-me.
-Quem sabe o motivo pelo qual nunca fiquei em casa, não seja justamente, não me sentir bem ao lado dos teus novos amigos – senti Léo contrair seu corpo ao meu lado.  – A gente se vê amanhã – levantei sendo acompanhada por ele.
-Boa noite, meus queridos – ela não mexeu um dedo, ainda com sua taça de vinho nas mãos. – Ah, filha, preparei seu quarto para os dois. Fiz certo?
-Você sabe que sim. Vem Léo – o puxei.
-Quer conversar? – disse beijando meu ombro, já dentro do táxi.
-Falar o quê? Que odeio São Paulo? Vim para cá contra minha vontade, por causa de um pedido teu e do pai, as pessoas que mais amo nessa vida. Ou que me dou super bem com minha mãe? – fui irônica. - Coisa que tu percebeste desde Santa Maria.
-Bia, olhe para mim – segurou meu rosto entre suas mãos.  – Por que não gosta dos amigos da tua mãe? Eles não foram loucos de...
-Não! – gritei, chamando atenção do taxista. – Claro que não – minha garganta começou a ficar seca. – Minha mãe se comporta como se tivesse dezoito anos, Léo. É baladeira e tem amigos com os mesmos pensamentos, e eu... – senti meus olhos lacrimejarem – não sou assim.
-Eu sei quem tu és, pequena. - Não. Tu não sabes. Solucei. Leonardo não conhecia nem de perto a Maria Beatriz de São Paulo e isso me deixava ainda mais triste.
-Eu não aguentava ficar em casa e conviver com aquilo. Por isso ela diz que não parava lá. Saia sempre com alguns amigos da escola e depois da faculdade, mas quando chegava em casa tinha que lidar com a bagunça no apartamento e muitos sermões, como se ela tivesse alguma moral. Isso acabava comigo... – desabafei.
-Chegamos – o taxista anunciou.
-Vamos nos divertir – Léo beijo minhas lágrimas, encerrando parcialmente o assunto. E percebi enquanto ele pagava o taxista, como estava arrependido por ter forçado algo que agora via que não me fazia bem, mas agora ja era tarde. Nós já estávamos ali.
Assenti e entramos no barzinho, que era animado por uma banda ao vivo cantando MPB.
Tentei esquecer momentaneamente minha mãe e me entreguei nos braços do meu peão que estava fazendo de tudo para que eu me sentisse melhor.
Eu devia isso a ele, então nos divertimos, bebemos e cantamos juntos.
-Isso é bem legal – sorri vendo tua animação novamente. Era tudo novo para Léo. Desde o avião até a cidade grande.
-Eu gosto. Tem umas bandas legais e o lugar é arejado. As vezes passo mal em ambientes muito fechados, sabia? – beijei teu pescoço depois de gritar no seu ouvido por conta da música alta.
-Mas tu gostas da Kiss – repetiu meu gesto.
-Gosto – balancei a cabeça. – Acho que sim. Fomos lá só umas três vezes também – ele confirmou. – Eu gosto, mas não prefiro, entende?
-Não – gargalhamos – Tu és complicada demais guria.
-Não viu nada ainda – o beijei tentando não aprofundar o assunto para que  todos os problemas se dissipassem enquanto nossas línguas brincavam, junto com as mãos que subiam e desciam, nos deixando bem animados.
-Tu estás me deixando doido, pequena – se esfregou em mim, para que eu tivesse certeza do que estava falando.
-Vamos sair daqui – falei sem ar, sentindo uma mão na minha bunda e a outra na nuca.
-Só se for agora – corremos até a entrada do bar como duas crianças travessas, mas parei quando escutei alguém chamar meu nome.
-Bia – olhei para trás e vi que era Rodrigo, um dos amigos da época de balada.
-Oi! – na hora senti o corpo do meu peão se contrair como uma armadura, fechou os braços na minha cintura.
-Quanto tempo, menina. Fiquei sabendo que foi embora – se aproximou dando-me três beijinhos, que não pude recusar conforme rezava a educação.
-É eu fui. Esse é meu namorado Leonardo – o apresentei antes que o monstro do curral aparecesse.
-E aí, cara. Prazer, Rodrigo.
-Prazer – Léo estendeu tua mão a contragosto e a outra, automaticamente foi parar na minha bunda. Sorri me lembrando do episodio da Daniela.
-A gente já estava de saída.
-Foi bom te ver. Vê se aparece, ou liga.
-Ok! Até mais, Rodrigo.
-Até.
Passamos pelo caixa em um silêncio assustador. Só era essa que me faltava.
-Léo – o empurrei na parede, já fora do bar.
-O quê? – ele estava bravo.
-Tu não ficaste bravo por causa do Rodrigo, certo?
-Disse que ligaria para ele – esbravejou.
-Não. Eu não disse. Só fui educada.
-Já ficaste com ele?
-Oi?
-Tu entendeste muito bem a pergunta, Maria Beatriz.
-Por que isso agora, Leonardo? – saí andando – se fosse fazer cara feia para todas as garotas que tu pegaste em Santa Maria, estaria perdida.
-Tu faz! Até com aquelas que não peguei – pegou meu braço com força, me fazendo parar. – Então ficou mesmo com aquele mauricinho – ele estava afirmando.
-Táxi – estendi minha mão livre, vendo o carro parar ao nosso lado.
-Pode ir, parceiro. A gente ainda não terminou por aqui.
-Ficou maluco. Isso não é Santa Maria não, Leonardo – gritei.
-Tu ficaste com ele? – gritou de volta.
-Nos beijamos uma vez. Satisfeito? – ergui minhas mãos para o alto – porque tu sabes mais do que ninguém que pertenço a uma única pessoa.
-A mim – se aproximou, tocando meu rosto.
-A um peão louco, marrento e possessivo – ele agarrou minha cintura.
-Pode até ser, mas não fui eu que quase joguei desinfetante de morango na cara de uma guria. E olha que aquela eu não tinha pegado – bati no seu peito, já presa nos seus braços.
-Vai lembrar isso para o resto da minha vida?
-Se precisar... – Léo ergueu meu rosto com a ponta do nariz. – Somos dois loucos ciumentos.
-Tenho que concordar – sorri, o abraçando.
-Será que podemos ir agora? Não estou aguentando dentro da minha calça.
-Tu que dispensaste o taxi, agora trate de arrumar outro – dei de ombros e saí andando na frente.
...
-Ora, ora que as crianças chegaram cedo – abri a porta do apartamento me deparando com Maria Elisa e um cara, que parecia estar de saída.
-A gente vai para meu quarto.
-Estou indo. A gente se vê, gata – ele beijou minha mãe que sorriu, fazendo com que eu virasse o rosto, sendo amparada por Léo.
-Vem, vamos para o quarto – o puxei pela mão.
-Esperem. Não querem beber nada? – ela apontou para o bar e ali pude ver que estava alterada.
-Não – fui fria.
-Sempre tão certinha! Quem vê pensa... – desdenhou.
-Pensa o quê?
-Bia, vamos para seu quarto – foi a vez de Léo me puxar.
-Não – soltei seu braço, explodindo. – Qual é o teu problema comigo?
-Eu queria que tivesse sido mais inteligente – ela riu, ironicamente.
-Como você não foi, certo? Engravidando e estragando tua vida aos dezoito anos?
-Te trouxe para cá tentando abrir seus horizontes. Queria você conhecendo o mundo, mas escolheu a vida provinciana do seu pai – olhou para Léo.
-Escolhi ser feliz – gritei, começando a chorar.
-O que entende de felicidade, menina?
-Bem mais que ti, eu não precisei viver como uma qualquer a vida inteira para encontrar essa felicidade que enche tanto a boca para dizer. Tenho pena dos chifres que meu pai levou – ela levantou a mão, batendo com força no meu rosto.
-Nunca mais repita isso. Eu nunca traí seu pai.
-Bia – Léo me segurou, ainda em transe com nossa briga.
-Por que não me deixou com ele? – solucei. – Por que não me abandonou quando eu nasci?
-Queria um futuro melhor para você.
-Que futuro? Mudar para São Paulo e vê-la trazer um homem diferente por dia para esse apartamento? Você não sabe o que é o amor, Maria Elisa – balancei a cabeça.
-E o que entende sobre isso, garota? O que esse peão te dá?
-Limpe sua boca para falar dele! – respirei fundo – Respeite pelo menos a pessoa que conseguiu o que você nunca tentou...  – perdi as forças das pernas e se Léo não me segurasse tinha ido para o chão – me fazer feliz. Você é suja, Maria Elisa. Eu tenho vergonha de ser tua filha.
-E você uma menina ridícula que agora vai para seu quarto se entupir com aqueles remédios. Ainda bem que hoje quem te faz feliz – ela ironizou – vai levá-la para o hospital, porque minha cota de salvar suicida já se esgotou – avancei para cima dela, querendo matá-la. Ninguém sabia disso. Nunca havia tocado no assunto desde que cheguei em Santa Maria.
-Sua... – esperneava no colo de Léo. – Eu nunca tentei me matar, só queria dormir – fui ficando fraca e senti que surtaria a qualquer momento.
-Vem, amor. Eu vou cuidar de ti – meu namorado ainda assustado, por nunca ter presenciado algo tão feio, me aninhou em seus braços. – E a senhora deveria ter vergonha em deixar tua filha chegar nesse estado.
-Quem você pensa que é para me dar lição de moral, garoto?
-A pessoa que mais ama tua filha nesse mundo – ela ia retrucar, mas percebeu que faria isso com tuas próprias palavras. – Não precisa dizer nada, Dona Maria Elisa. Agora percebo que o maior erro aqui foi o meu, de incentivar essa viagem. E para mim, não adianta bancar essa pose, porque na verdade não passa de uma coitada. Vem, pequena – me ninou nos braços. – A senhora pode ter desejado que sua filha conhecesse o mundo e deve me odiar por isso, mas eu só quero que ela seja feliz. E  se depender de mim, nunca mais colocará os olhos nela – escutava tudo muito longe, então percebi que Léo começou a caminhar, abrindo a porta do meu quarto.
Quando entramos fui direto para o banheiro em busca do meu remédio.
-O que tu pensas que esta fazendo? – Léo me pegou pelo braço, voltando para o quarto.
-Eu preciso tomar meu remédio – sentia meu corpo cada vez mais fraco.
-Não, tu não precisas. Eu estou aqui – ele beijava meu rosto, agarrando-me ainda mais a ele,  Léo também estava no seu limite.
-Nunca tentei me matar, amor. Nunca.
-Shiu.
-Só queria dormir.
-Vai passar.
-Eu sou um erro, ninguém nunca vai me amar – não sabia mais de onde tinha força para falar. – Preciso do meu remédio.
-Eu estou aqui, tu não precisas mais deles – senti o corpo de Léo tremer e quando ergui os olhos, vi lágrimas saindo dos seus olhos. – O que ela fez contigo, pequena.
-Eu não queria vir – voltei a chorar baixinho.
-Eu sei, meu amor, agora eu sei. Calma, nós vamos dormir e amanhã te levarei daqui.
-Você está com pena de mim, não quero que me ache maluca. Eu não sou... – meus olhos começaram a fechar. – Tu estás com vergonha de mim. Precisa ir embora – o empurrei.
-Nunca sentiria vergonha de ti. Vai ficar tudo bem, eu te amo e não irei a lugar algum – apertou-me ainda mais no seu colo.
Escutando aquela declaração apaguei, já não tinha mais forças.
Léo havia conhecido a verdadeira Maria Beatriz.
Aquela que surtava por conta de qualquer coisa.
Aquela que se sentia a pessoa mais rejeitada desse mundo.
Aquela que nunca mais havia aparecido depois de voltar a ser feliz.