quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 19

                 

Não foi por acaso que escolhi Santa Maria....
Não foi por acaso que Maria Beatriz e Leonardo cursaram na Federal...
Não foi por acaso que se encontraram na Kiss...
Não foi por acaso que perderam o primeiro show da Gurizada....
Nada é por acaso, meus amores....
Tudo está escrito por linhas tortas enviadas por Deus...
No meu caso, uma forma de homenagear todos aqueles jovens que perderam a vida vitimados por uma incêndio enquanto apenas se divertiam...
Mas também, querendo mostrar, não só na fixação o que podemos aprender e amadurecer com a dor de uma tragédia....
Com vocês, o ponto de vista do Léo...
Beijos e não deixem de confiar....
Pois muitos podem ter caído a sua direita. Muitos podem não ter sobrevivido...
Porém  existem muitos que ficaram para contar uma linda história....
E a nossa  é a mais linda de amor...
Tudo pode naquilo que nos fortalece....
Beijos
Fe

                     
Capítulo 19 – Desespero
      LEO
                                              "Mas se tiver que me deixar, vai deixando devagar...                                                                                                                                                                 Deixa eu me acostumar com a sua ausência... "
Michel Teló – Se tudo fosse fácil

-Bom dia! – eram seis da manhã e eu já estava de pé para ajeitar as coisas da fazenda com meu pai.  Mas, diferente das noites passadas, havia passado a última praticamente em claro, amando minha pequena, que graças a Deus tinha voltado a viver.
Não podia deixar de cumprir a promessa que fiz lá na igreja do Padre Olavo para quando a tivesse nos braços novamente. E a noite anterior tinha sido mágica.
Maria Beatriz era minha vida. Sem ela, juntando com a impotência de não conseguir ajudá-la, perdia completamente meu eixo.   Mas, dali em diante só teria motivos para comemorar, principalmente pela decisão que havia tomado com ela nos braços antes de me levantar.
-Bom dia, filho! E aí se acertaram? – meu pai bateu no meu ombro, também esfregando os olhos, enquanto caminhávamos para primeira inspeção do dia.
-Sim! – sorri maroto.  – E vamos vencer essa batalha.
-Me orgulho do homem que criei, Leonardo – olhei sem entender para Seu Flávio. – Tu sempre foste bagunceiro, às vezes me tirava do sério, mas com a Maria Beatriz aprendeste a ser um homem de verdade. Essa atitude de estar ao lado dela, mesmo com todos os seus problemas me fez ver o quanto amadureceu.
-Eu a amo, pai. Não poderia ser diferente.
-E a vida é isso, Leonardo. Terão vezes que um vai querer matar o outro, outras que terá que sair correndo daqui para ver apenas ela está bem em casa, mas o principal, – parou na minha frente – enfrentarão tudo juntos, como mostraram que são capazes.
-Obrigado, pai. Eu farei tudo para a Bia voltar a sorrir novamente.
-E conseguirá, mas vamos trabalhar que hoje a coisa parece que vai ser quente por aqui.
-Vamos.
Quando encontrei Boi no pasto, pedi para ele ficar de atento caso Maria Beatriz ligasse.  Depois fui para a cidade com o pai comprar algumas sementes para a plantação de uva, que estávamos começando em um pedacinho aqui da fazenda.
Quando voltei, perto do meio dia, Boi já estava de volta reclamando e me trazendo um envelope, enviado pela minha marrentinha.
Abri mais do que depressa para saber do que se tratava a carta dessa vez, porém, para minha surpresa, havia apenas um bilhete e dois convites que me fizeram sorrir mesmo sem saber o que havia escrito.

Bom dia, meu amor!
Ontem depois do meu tratamento de choque lembrei que te devia um show e por coincidência do destino ele se repetirá hoje. Então pensei... Por que não levar meu namorado para passear?
Ele foi tão lindo comigo.
Teve a paciência que muitos não teriam...
Não me internou quando surtei de verdade...
Por isso merece tudo de bom que eu puder lhe dar...
E vou começar com o show que perdemos lá atrás por minha causa.
Não que me arrependa, pois tu sabes que estaria mentindo. Eu amei aquela nossa noite, mas queria recompensá-lo e também, enfim, conhecer essa famosa banda que adora.
Então, Leonardo Ávila, queres ir ao show da Gurizada Fandangueira hoje comigo na Kiss?
Maria Beatriz – 26/01/2013

-Essa menina é danada, hein? Olha tua cara de bobo – saí do transe, escutando a gargalhada do Boi.
-Vai se ferrar, Luis Carlos – bati na sua cabeça.
-Vamos tomar uma cerveja, senão tenho certeza que vai correndo até a casa dela – retribuiu o safanão.
-Idiota!–  mas antes que pudesse retrucar de volta escutei a mãe gritar da cozinha para irmos almoçar.
Mais tarde, enquanto tomava a tal cerveja com Boi, tentei ligar para Maria Beatriz que não atendeu, me deixando nervoso. E quando estava quase para pegar a caminhonete e ir atrás dela, escutei aquela voz meiga e feliz, me dizendo que estava no cabeleireiro.
Conversamos um pouco e relaxei, não querendo mais estraçalhar aquele telefone dela em mil pedaços.   Só de ver que minha marrentinha estava melhor, já era compensador.
Bia estava animada com a balada daquela noite e eu amaria mostrar para ela o som da Gurizada ao vivo, mesmo depois de quase um ano. Mas como disse a ela, não trocaria nada por nosso primeiro beijo.
Como ela estava no salão, fiquei bobeira com  Boi e André que havia avisado que levaria Jessianny para jantar e por isso, não iriam à Kiss.
-Olhe o que vai aprontar, hein? – ele e Boi gargalharam. -Perdi totalmente a autoridade, não é?
-Cara, depois que a Bia entrou na tua vida, tens que dar a mão a palmatória, é ela quem manda.
-Quem diria, Leonardo Ávila virou o cachorrinho da mulher – bati forte no teu peito. Mas não tinha como negar. Bia tinha tomado conta da minha vida mesmo.
-Mas não é qualquer mulher, não é, Boi? – André demorava a abrir a boca, mas quando abria. – É a Maria Beatriz – os dois estavam tirando sarro da minha cara.
-Essa marrentinha é fogo mesmo.
-Olha quem fala – apontei para Dé. – Um pau mandado da minha irmã que vai perder uma balada para levá-la para jantar.
-Tu já fizeste isso também e não só uma vez.
-Cala a boca, Luis Carlos. Tu ainda vais encontrar uma coleira – mostrei minha aliança para ele
-Aí sim eu quero ver a porca torcer o rabo – André fez graça e passamos o resto da tarde ali, um tirando sarro do outro.
Quando já estava em casa me preparando para tomar banho, a mãe veio me avisar que os peões estavam me esperando na sala por conta do parto antecipado da Mimosa.
-Droga! - praguejei. – diz que já vou, mãe.
Liguei primeiro para Boi, pedindo para ele pegar Maria Beatriz para mim e levar para à boate e fui correndo para o curral, pensando em um jeito de avisar minha marrentinha do imprevisto.
Depois de um tempo, já praticamente com a mão na massa, liguei para ela explicando meu atraso.  Bia quis vir para a fazenda me ajudar, como havia feito antes, mas já imaginava como ela estava linda me esperando com aqueles cabelos soltos e um vestido que com certeza me mataria, então pedi para ela ficar e ir com Boi.
E essa foi a pior besteira que fiz em toda a minha vida. Naquele momento gostaria de ter sido egoísta e pedido para Boi trazê-la para o curral e os três juntos nos divertiríamos no final da noite contando piadas.
Mas não foi isso que aconteceu, infelizmente.
Depois de passar uma mensagem para Maria Beatriz fui para o banho, porém com uma sensação estranha. Um aperto no peito que nunca tinha sentido.
Durante o trajeto para a Kiss estava inquieto e isso só complicou quando vi uma movimentação estranha aos redores da boate.
Louco, parei o carro no meio da rua, no mesmo momento que meu celular começou a tocar. Era Maria Beatriz.
-O que está acontecendo ai, Bia?
-Está pegando fogo, não entra!
-Onde tu estás? – gritei, desesperado.
-Não vamos conseguir sair, amor, tem muita gente! – ela tossiu, o que me fez saltar do carro e correr em direção à entrada da boate.
-Me fale onde vocês estão, Maria Beatriz.
-Léo, não faz isso, não vai dar tempo! – mais uma tosse – eu te amo muito! Nunca te esqueça disso! – a ligação caiu.
Aflito e angustiado, já não sabendo mais o que fazer agi por instinto e  peguei a primeira coisa que vi por perto, uma enxada, estourando a parede da entrada do local.
Entrei e a cena que vi foi aterrorizante. Corpos espalhados se empilhavam no chão da boate e meu maior medo era reconhecer minha menina e meu melhor amigo ali.
Não sei quanto tempo permaneci ali, inerte, até ver Boi com Bia praticamente desacordada no colo.
-Eu prometi que ia cuidar dela, cara – ele chorava.
-Eu sei, vamos sair daqui – arrastei os dois para fora, socando o que e quem via pela frente, com Bia naquele momento já no meu colo. Porém quando chegamos do lado de fora a escuridão tomou conta das vistas de Boi, o fazendo cair ao meu lado.
-Boi – bati no seu peito, escorrendo com minha pequena nos braços. – Agora não, cara. Tu precisas ser forte. Tu és forte, irmão. – abracei mais ainda o corpo de Bia deixando as lágrimas tomarem conta do meu rosto e coração. - Uma ambulância, pelo amor de Deus. – não tinha forças para falar.
-Léo – Bia me chamou baixinho e tossiu.
-Shiu! Vai ficar tudo bem – chorava desesperado. – Uma ambulância! – gritei.
-Eu amo você – ela tocou meu rosto. – Nesses dias quis tanto morrer que acho que Deus resolveu atender minhas preces. Não me esquece, e cuide do Boi, ele nos salvou.
-Não, Maria Beatriz, ninguém vai morrer!
-Léo... – e foi sua vez de fechar os olhos.
Percebi ali, com o amor da minha vida desacordado nos meus braços, que nada teria sentido se não fosse com ela.  Deixei que a escuridão também me engolisse.  Me joguei ao lado do meu melhor amigo e da minha pequena, que havia se tornado a pessoa mais importante para mim.  Eu a pediria em casamento no nosso aniversário de primeiro ano de namoro, se ainda tivéssemos esse tempo...
E com esse último pensamento em mente, apaguei.

BIA.......


Tudo ainda era muito nebuloso e escuro. Não conseguia acordar e essa sensação estava me deixando desesperada.
Não me lembrava de ter adquirido claustrofobia em algumas das minhas crises, mas naquele momento, estava começando a ficar aflita.
Onde eu estava?
Por que não conseguia acordar?
O que havia acontecido?
Sentia algo tão ruim dentro do peito, mas não sabia de onde vinha.
 Eu e o Léo tínhamos feito as pazes e...
Oh, meu Deus!
-Léo! – meu inconsciente gritou.
A boate! – lembrei, querendo me debater e sair correndo de onde quer que estivesse.
Tentei fazer com que minha respiração voltasse ao normal e foi ali que percebi estar viva apesar da minha impotência, então ,enchi meus pulmões de ar.
Mas e o Léo?
Ele entrou. Eu disse para não fazer, mas ele, teimoso, fez.
Onde eu estava? Precisava vê-lo, sentir seu toque, seu cheiro...
-Boi – como em um estalo, meu inconsciente gritou novamente. – Ele me ajudou, me pegou no seu colo quando minhas pernas não tinham mais forças.
Precisava acordar...
E com mais uma respirada funda consegui abrir os olhos devagar, voltando devagar a minha consciência. Eu acho...
- João, ela acordou! – minha mãe gritava e chorava, abraçada ao meu corpo. – João, nossa filha! – olhava para ela completamente atônita por nunca ter visto tamanho desespero em seus olhos em toda minha vida. Ainda mais por mim.
-Filha, querida, está tudo bem agora!
-Pai – João, que também estava emocionado, beijou minha testa carinhosamente.
-Está tudo bem, querida – repetiu, percebendo um misto de medo e confusão no meu olhar.
-Nunca me senti tão aliviada em toda a minha vida. Meu amor, vai ficar tudo bem – Maria Elisa chorava do outro lado da cama, beijando minha mão.
-Pai, – tentei falar de novo, sentindo minha garganta arranhar – o Léo...
-Oh, meu Deus. Ele foi um herói. Nunca vi alguém mais corajoso. Devemos sua vida a ele – minha mãe que respondeu com um brilho novo no olhar.
-Onde... – comecei a ficar agitada – Onde ele está, pai? O Léo, eu quero o Léo. – comecei a escutar uma movimentação a minha volta e percebi que eram enfermeiras mexendo nas máquinas onde estava ligada. Aquele lugar era uma UTI. – Pai...
E a possibilidade de perder o Léo fez com que me afundasse mais uma vez na inconsciente.
Eu disse que não era para ele entrar. Eu o avisei. O que tinha acontecido com meu amor?
Queria gritar, sair correndo para procurá-lo, mas e se o Léo...
Não sabia mais o que pedir. Sem meu amor não conseguiria viver.
Comecei a ficar desesperada novamente e percebi que sofreria graves problemas com claustrofobia e sono.

Isso porque tu já tinhas poucas coisas para se preocupar, não é, Maria Beatriz?



2 comentários:

  1. Oi passando para dizer que a cada dia me apaixono mais por LÉO e BIA. e hoje meu pai chorei horrores trancada no banheiro do escritório para que ninguém me visse. Parabéns você esta fazendo a melhor homenagem que ja li.
    Bjos amiga linda

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  2. Adorei! Como sempre! Capitulo emocionante! Estou a começar a reler o Deputado continuo apaixonada por esse romance! Gostava que o Leo e a Bia fossem um pouco mais safadinhos como o Artur e a Linda :) :p Um beijinho até sabado ;)

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