segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 2


Bom dia, Santa Maria!!!!
Mais um capítulo especialmente feito para vocês...
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Léo e Bia esperam por vocês...
E quem nunca... Paquerou em uma quermesse?
Beijocass
Fe


Capítulo 2 – Quermesse
Ela é mistério... Cheia de segredos... Ele é bagunçado... Cheio de defeitos
A Bela e o Fera – Munhoz e Mariano
            Olhei no espelho e gostei do meu visual para a quermesse.
            Como estávamos no final de fevereiro, o calor ainda nos banhava em Santa Maria, então pude vestir um dos meus vestidos longos floridos que amava. E para completar o visual, uma rasteirinha e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Terminei minha maquiagem leve, colocando minhas lentes de contato e peguei minha bolsa de mão. Eu estava pronta.
            -Pai, vamos? – desci a escada saltitante, fazendo com que João viesse da cozinha, rindo.
            -Está linda, filha.
            -Obrigada. Então vamos, não quero perder nada     
            - Nossa, que animação!
            Chegamos à quermesse que ficava ao lado da Igreja do Padre Olavo, o mesmo que me batizou, fez minha primeira comunhão e crisma, prometendo ainda um dia me casar. Gargalhei no dia que me falou isso. Mas, quem sabe?...
            Aproximamo-nos de um grupo de pessoas, onde o Padre estava contando uma piada, sim, porque o Padre Olavo era muito divertido. Assim que nos viu parou de falar vindo me abraçar.
            -Minha filha, há quanto tempo! Você está uma moça, Maria Beatriz – sorri retribuindo o abraço.
            -Padre, que saudades! – sempre fomos muito ligados a ele. Quer dizer, eu e João o tratávamos como se fossemos da sua família. Ele não saía lá de casa e ainda pescava com o pai nas horas vagas.
            -Filha, esses são Flávio e Luíza – Nossa!  Os pais do peão garanhão.
            -Prazer. – apertei a mão do Seu Flávio, mas Dona Luíza já me puxou para um abraço.
            -Tu és bonita mesmo, querida, bem que o Léo falou – então ele havia falado de mim?
            -Bem, tu estás entregando nosso filho – sorri, corando.  – Seja bem vinda de volta, filha. Seu pai não falava de outra coisa.
            -Eu também estou muito feliz, Seu Flávio.
            -Oi. Eu sou a Jessiany, mas pode me chamar de Jessy – uma menina baixinha e loira chegou ao meu lado.
            -Oi, prazer. Sou Maria Beatriz, mas pode me chamar de Bia – a abracei, sorrindo. Eles eram muito receptivos e fizeram com que me sentisse em casa.  Só faltava...
            Então eu o vi do outro lado do recinto da quermesse, rindo e rodeado de meninas.
            Claro, Maria Beatriz, você acha que lindo daquele jeito daria bola para uma menina descoordenada, com os cabelos loiros e um metro e sessenta de sem gracisse?
            Resolvi voltar minha atenção para minha nova amiga, mas sem tirar os olhos de Léo, que ainda não tinha me visto.
            -Então seremos colegas de turma?
            -Poderíamos ser melhores amigas! – sorrimos. Jessy era bem divertida.
            -Com certeza. Sinto falta de uma melhor amiga, sabia?
            -Eu também, mas acho que vamos nos dar muito bem – também senti isso logo que a vi se aproximar.
            Mas, naquele momento meus olhos se cruzaram com os do irmão dela e quase perdi a respiração quando Léo abriu seu sorriso mais lindo, deixando as meninas falando sozinhas e vindo na minha direção.
            -Boa noite, gurias – sorri tentando apenas ser educada, não transparecendo que estava radiante por ele ter largado as oferecidas para vir falar comigo.
            -Boa noite, Léo.
            -Pelo jeito a Jessiany já começou a te alugar, não é?
            -Mas tu és bobo mesmo, Leonardo – sorri do tapa que ela deu no irmão.
            -Está bonita – nessa hora vi Jessy se distanciando.
            -Obrigada – senti meu rosto queimar.
            -Vem, vamos dar uma volta, quero te mostrar as coisas boas dessa festa – pegou na minha mão e dei graças a Deus por João e seus pais estarem entretidos com o Padre Olavo perto da barraca do algodão doce.
            -Esqueceu que venho nessa festa desde que nasci? – brinquei.
            -Mas não comigo, marrentinha – balancei a cabeça e fui levada por ele.
            -Convencido – ele jogou a cabeça para trás rindo, tomando cuidado para não perder seu chapéu de peão.
 Meu Deus, como poderia ser tão lindo?
            Léo me levou até o parque que tinha se instalado ali perto, brincamos como duas crianças de carrinho bate-bate, andamos na montanha russa, mesmo comigo dizendo que morria de medo.
            Ele ganhou um urso enorme para mim no jogo de argolas e, por fim, nos jogamos em um dos bancos da praça comendo cachorro quente e dividindo a mesma lata de refrigerante.
            -Ta. Você é um cara legal – falei com a boca cheia, depois de implicarmos muito com o outro, principalmente por conta da nossa trombada no aeroporto.
            -Tu também, apesar de ser marrenta pra caramba.
            -Olha quem fala – limpei a boca, tentando equilibrar o urso ao meu lado. – Então você faz veterinária?
            -É – ele parou sério pela primeira vez. – Eu amo aqueles bichos e só de pensar que posso salvá-los...
            -Deve dar uma sensação muito boa, não é? – olhei em seus olhos, que ardiam nos meus.
            -Com certeza. Poder conviver com eles e ajudar a fazenda do pai crescer, é muito bom – sorri do jeito carinhoso dele. – E tu, por que escolheu a psicologia?
            -Para me entender – gargalhamos e dei mais um gole no refrigerante. – Não sei, acho que queria encontrar algumas respostas e também como você, poder ajudar as pessoas.
            -É, marrentinha, te entender acho que nem jubilando na faculdade – bati em seu braço, enquanto ele gargalhava.
            -Tu nem me conheces.
            -Mas quero conhecer – nossos olhos se encontraram novamente, mas logo o interrompi vendo a cabine de fotos instantâneas na nossa frente.
            -Léo! – gritei - Vamos tirar aquelas fotos? – apontei, rindo da sua careta.
            -Filha! – olhamos para trás e vimos João vindo em nossa direção. – Que bom que encontrei vocês. Estou indo embora, tu vem comigo?
            -Pode deixar que levo a Bia para casa, Delegado – Léo respondeu na minha frente e vi um sorriso malicioso se abrir no rosto do meu pai.
            -Tem certeza, filha?
            -Tenho, pai, – voltei meu olhar para Léo que também ria – eu vou com ele. Não precisa se preocupar, não é, Léo?
            -Não seria nem louco de fazer alguma coisa com a filha do homem da lei.
            -Tudo bem. Divirtam-se, meninos – ele beijou meu rosto se afastando.
            -Tem certeza que não vou atrapalhar?
            -Claro que não e ainda temos que tirar aquelas fotos – apontou para a cabine. – Vamos?
            -Vamos – levantei animada.
            Estava me sentindo tão leve naquele momento. Acho que a volta para minha cidade, para os braços do meu pai estavam me fazendo muito bem. Mas, não podia me enganar, dizendo que Léo não tinha uma parcela em todos os sorrisos que foram fotografados na sessão de fotos que tiramos.
            Ele me fez cócegas.
            Fizemos caretas.
            Beijamos a bochecha um do outro, como se nos conhecêssemos há muito tempo.
            É... O Léo estava se tornando bem especial para mim.
            E depois que dividimos um algodão doce artístico e gigante, nos lambuzando inteiros, ele me levou para casa, onde, educadamente, abriu a porta para que eu pudesse descer da sua caminhonete com meu urso enorme.
            -Tu precisa dar um nome para ele.
            -Nome para quem?
            -Ué, guria, para o urso – ele apontou sorrindo, fazendo com que balançasse a cabeça.

            -Você tem cada uma, mas vou pensar no seu caso. Estou entregue, obrigada mais uma vez. Adorei nossa noite.
            -Eu também gostei muito. Podemos repetir um dia desses.
            -É, podemos sim. Vou entrar. Obrigada, Léo, boa noite – me aproximei para beijar seu rosto, mas viramos ao mesmo tempo e acabei lhe dando um selinho. Quase morri de vergonha, então virei rápido entrando em casa, sem conseguir olhar para ele novamente.
            -Boa noite, marrentinha. Sonhe comigo.
            -Convencido – acenei sorrindo da garagem, mas suspirando apaixonada.
Apaixonada?
Será?
            Na verdade nunca havia me apaixonado por ninguém e as experiências de dentro da minha família não me ajudavam muito. Mesmo assim já sabia, o que sentia por Léo, mesmo o conhecendo há menos de vinte quatro horas, era especial.
            Ele era engraçado e me diverti como não fazia há muito tempo.
            Suspirei, subindo as escadas de dois em dois degraus, dando graças a Deus por João já estar dormindo e não ter que aguentar seu interrogatório, mas poderia ser no dia seguinte, não é?  Naquele momento só queria curtir um pouco mais a minha noite.
            Joguei o urso em cima da cama e me troquei, atirando-me ao lado dele logo depois, com meu pijama rosa favorito. Precisava pensar em um nome para ele. Mas naquele momento só o que me vinha à cabeça foi quem me presenteou. No seu sorriso, seu jeito de moleque, seu modo de falar da profissão que escolheu.
            Abracei ainda mais o enorme urso e dormi.
            Naquela noite sonhei pela primeira vez com Leonardo e nesse sonho passeávamos por um pasto. Ele me mostrava toda a propriedade com os olhos brilhando e no final me beijava. Eu acordei com seu gosto na minha boca.
            Tomei um banho demorado, colocando um shorts jeans e uma regata branca, e desci para tomar café com João, que não tirava os olhos do jornal e o sorriso nos lábios. Ele ainda me encheria de perguntas, eu conhecia bem meu pai.
            Depois de arrumar a cozinha, fomos para o supermercado, fazer as compras da semana e percebi que todos que nos conheciam no bairro me olhavam diferente.
            É claro, eu era a filha do pecado, da mulher que abandonou o delegado mais respeitado da cidade.
            Argh!   Que raiva dela!
            -Vai querer catchup, filha? É essa marca que gosta? – João me tirou dos meus pensamentos, fazendo com que voltasse para minha nova realidade feliz.
            -É sim. Pode pegar, pai.
            -Tudo bem? Como foi sua noite ontem? – sabia que ele não aguentaria por muito tempo.
            -Foi legal, o Léo é muito divertido.
            -Só isso?
            -Por quê? Que coisa feia, Chefe. Virou santo casamenteiro agora? – sorri empurrando o carrinho, enquanto tentava disfarçar. Se ele percebesse que estava encantada com o peão garanhão, soltaria fogos de artifícios.
            -Que sua mãe não nos ouça, mas ele é um bom menino.
            -Para quem muda de namorado toda a semana, acho que ela não tem moral para falar da minha vida.
Ops!
Percebi que havia falado demais, pois na hora João fechou a cara. Eu sabia que essa história o aborrecia e esse era mais um dos motivos para me tirar do sério.
Mesmo Maria Elisa sendo como era, ele nunca deixou faltar nada para ela, muito menos para mim. Dizia que era minha mãe e por isso merecia todo o seu respeito, mas sabia que ele não a havia esquecido, o que me deixava mais furiosa e infeliz. Queria que meu pai encontrasse alguém que o amasse de verdade, ele merecia isso.
-Ela é sua mãe, Maria Beatriz.
-É, pai, que pena! Quero comprar massa de lasanha, aprendi uma receita maravilhosa que você vai amar.
Ele sorriu e percebeu que minha intenção era mudar de assunto.
-Animada para o primeiro dia de aula, amanhã?
-Muito. Não vejo a hora para falar a verdade – e estava mesmo. Nunca fui muito fanática por escola, mas dessa vez era diferente, eu queria muito conhecer a Federal, as aulas e por ventura trombar novamente com o peão garanhão.
-Eu te levo e de busco amanhã.
-Não precisa, pai, eu me viro.
-Nada disso. Depois vamos ver o que fazer.
E se encerrou ali o assunto.
Como gaúcho nato, não discutiria uma decisão do senhor João Albuquerque.
E antes de voltarmos para casa, almoçamos em uma das mais gostosas churrascarias de Santa Maria, para que eu pudesse matar as saudades da melhor carne do Brasil, palavras do pai.
Ainda tomamos sorvete, chegando em casa no meio da tarde, onde ele me ajudou a guardar as compras.
Só me restava esperar o que meu primeiro dia de aula reservava.
Eu estava nervosa, não podia negar, principalmente quando me lembrava do Léo.

Aquela noite iria demorar a passar.
Tomei um banho, colocando novamente meu pijama rosa e mais uma vez dormi agarrada ao nosso urso.
"Bartolomeu."
De onde veio esse nome?
Do segundo sonho que tive com meu peão garanhão.





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