sábado, 7 de novembro de 2015

Léo e Bia... Capítulo 10


Capítulo 10 – Formalidades
  " Chamam isso de destino eu não sei... Mas desde o inicio sempre te cuidei...               Chamam isso de amor, eu também acho... Mas seja como for, me dá um abraço..."
Prefácio – João Carreiro e Capataz
            -Pai, hoje o Léo vem jantar com a gente – disse simplesmente, tomando mais um gole do meu café.
            -Vem? Que bom – baixou o jornal, rindo.
            -É. Eu vou ao supermercado, tu queres algo em especial? – estava morrendo de medo que ele me perguntasse o que Léo iria fazer em casa. Quer dizer, na verdade ele já era amigo da família, mas João não era bobo e já sabia o que meu namorado queria. Sorri de leve lembrando o meu novo estado civil.
            Estava tão feliz, que chegava a pensar que flutuaria em meio a tanta coisa boa.
            Léo havia me trazido para casa no final da tarde para fazer o jantar, mas depois nos falamos por mais de uma hora no telefone, tendo aquela disputa, típica de namorados, de quem desligaria o telefone primeiro.
            Não havia dito a ele que não teria aula agora pela manhã e muito menos que iria ao supermercado, pois seria bem capaz dele perder a hora só para ficar comigo. Meu namorado era bem possessivo, assim como eu, não podia negar.
            Já no supermercado, meu celular começou a tocar como um doido dentro da bolsa e quando o peguei respirei fundo, pois meu, agora namorado, deveria estar a minha caça.
            -Bom dia, amor – fiz minha melhor voz de menina boazinha.
            -Onde tu estás, Maria Beatriz?
            -Um brinde a harmonia do primeiro dia de namoro – ironizei.
            -Desculpa, pequena. É que passei na sua casa e mais uma vez tu não estavas.
            -E por isso precisa me tratar desse jeito? – equilibrei o celular entre o ouvido e o ombro esticando-me para pegar um vidro de molho de tomate.
            -Desculpa, amor – sorri do seu jeito sem vergonha. – Onde estas?
            -Quem foi que me pediu um jantar ontem?
            -Fui eu.
            -Então já sabes onde estou. No supermercado.
            -Estás perdendo aula?
            -Não, amor. Tenho aula mais tarde hoje.
            -Qual mercado estas? Quero te ajudar – eu ri. – Não ria, pequena. Eu quero ajudar no jantar.
            -E o que tu sabes fazer? – desafiei.
            -Me fala o mercado que te digo pessoalmente – tão manipulador.
            -Estou no Rede Vivo, mas vens logo, daqui a pouco tenho aula – agora foi sua vez de rir.
            -Já estou indo, marrentinha.
            Desligamos e em menos de dez minutos Léo estava ao meu lado, empurrando o carrinho e me beijando.
            -Sentiu minha falta, pequena? – cheirou meu pescoço, enquanto eu pegava os ingredientes para a lasanha à moda, do pai.
            -Convencido – lhe dei um selinho. – Senti, e tu?
-Preciso responder – balancei a cabeça, sorrindo.
-Qual é sua comida predileta, Léo?
            -No momento? – olhei para ele sem entender, mas sua fisionomia maliciosa me respondeu na hora.
            -Filho da mãe – bati no seu ombro. – É sério, amor. Vou fazer a lasanha do João, minha maionese e queria fazer o que tu gostas também – Léo sorriu enlaçando minha cintura.
            -Eu gosto de carne – revirei os olhos, o encarando, pois todo gaúcho gostava de carne. – Mas carne recheada é a minha predileta.
            -Que delícia! – lambi os lábios só de pensar no cardápio.
            -Maria Beatriz, estamos no supermercado! – bati nele de novo, que gargalhou.
            -Vamos pegar os ingredientes – empurrei o carrinho e ele veio logo atrás.
            -Do que vamos precisar?
            -Tu és que tem que me dizer. A carne é sua.
            E Léo disse tudo que a mãe colocava na carne recheada que gostava.
            Com as compras feitas e guardadas à dois em casa, fomos juntos para a faculdade. Chegando lá Jessianny veio ao nosso encontro com um sorriso de orelha a orelha.
            -Cunhadinha! – me abraçou e adivinhei que o motivo do sorriso era eu, ou melhor, nosso parentesco próximo, agora que namorava seu irmão.
            -Bom dia, amiga – sorri, tendo que soltar a mão de Léo para abraçá-la também.
            -Tão bonitinho ver vocês juntos – apertou nossa bochecha.
            -Pronto, Jessianny, já parou a frescura – naquele momento vi Mauricio passar por nós e precisava entregar a matéria que havia separado para ele.
            -Mauricio – o chamei e beijei Léo, segurando seu rosto entre minhas mãos, fazendo com que ele me olhasse. – Já volto, amor.
            -Oi, Bia – fui em direção ao meu colega. – Me desculpe por ontem, não queria causar nenhum transtorno a ti - sorri o tranquilizando.
            -Não precisa se preocupar, Mauricio, meu namorado – enfatizei a última palavra em alto e bom som – é assim mesmo – dei de ombros, olhando de soslaio, sabendo que Léo estava por perto, escutando tudo. – Olha a matéria, xeroquei para ti.
            -Obrigada, guria – pegou os papeis da minha mão.
            -Quando precisar é só dizer. Até mais.
            -Até, Bia. E obrigado mais uma vez – sorri, voltando para a rodinha de Léo, Jessy, André e alguns meninos.
            -Vamos, tenho aula agora – beijei sua boca de novo, fazendo com que os meninos gracejassem.
            -É bom estar todos aqui porque eu tenho um comunicado a fazer – agarrou minha cintura, colocando-me na sua frente. – A partir de hoje, todo respeito é pouco com minha garota – sorri do jeito possessivo do meu monstro do curral e olhando para o lado, vi que minha cunhadinha também não se cabia. – Uma brincadeira fora de hora, estarão encrencados. Ela é minha e não admito que olhem nem para o lado quando Maria Beatriz estiver passando.
            -Léo – o repreendi.
            -Eu conheço meu gado, marrentinha. Por isso o recado foi dado – olhou feio para os meninos.
            -Vamos, não quero me atrasar. Vem, Jessy.
Fomos os quatro, já que André não desgrudava da minha amiga também e nos despedimos antes de entrar.
            -Tenho laboratório agora, a gente se vê a noite, tudo bem?
            -Quem vai me levar embora? Tu não deixaste que viesse de carro – ele riu e piscou para a irmã.
            -Eu, cunhadinha. De caminhonete – ela se vangloriou e eu beijei meu namorado, encantada. Nossa meu peão estava mudando mesmo.
           
            À noite, devidamente alimentados, meus dois homens conversavam animados na mesa.
            -E então, Léo, gostou da comida da Maria Beatriz? – os dois estavam com os braços abertos nas cadeiras vagas depois de terem repetido duas vezes.
            -Olha, Delegado, que a dona Luíza não me ouça, mas essa marrentinha cozinha divinamente! Que comida é essa? – sorri do seu elogio.
            -Obrigada aos dois – cutuquei meu digníssimo namorado por debaixo da mesa, para que ele desembuchasse de uma vez o motivo daquele jantar. E pela primeira vez percebi que meu garanhão estava com vergonha.
            -E a faculdade, filho? – ri de João tentando puxar assunto, tendo certeza que ele sabia o real motivo de Léo estar ali.
            -Puxado, Seu João. Mas estou dando conta – sorriu tímido, olhando para baixo. E ver Léo assim me fazia babar. – Delegado, eu...
            -O que foi, Léo? – o pai incentivou, mas fui eu que respondi.
            -Pai, nós estamos namorando. Pronto falei! – respirei fundo.
            -Maria Beatriz – os dois ralharam comigo.
            -O quê? – perguntei confusa.
            -Era ele quem tinha que pedir. Esperei por isso desde o dia do aeroporto.
            -Como? A gente nem se conhecia lá.
            -Mas eu já sabia! – João falou orgulhoso.
            -Será que tu me deixas continuar, Maria Beatriz? – opa! Tinha atiçado meu monstro do curral.
            -Claro, desculpa – levantei as mãos em rendição.
            -Delegado, eu pedi para a Maria Beatriz marcar esse jantar porque queria respeitosamente, – segurou minha mão por cima da mesa – pedir sua mão em namoro – João abriu seu sorriso mais lindo e nos abençoou apertando nossas mãos, já entrelaçadas.
            -Eu faço muito gosto desse namoro e como disse – se refestelou novamente na cadeira – eu sempre soube que ficariam juntos – pela primeira vez na mesa, Léo me olhou e sorrimos felizes. 
            -Obrigado, Seu João. Prometo que vou respeitá-la, amá-la e principalmente fazer minha marrentinha feliz – me abraçou e ali reconheci meu namorado.
            -Desculpa – fui sincera.
            -Não tem problema – beijou meus lábios de leve.
            -Bom, vou ajudar você a tirar a mesa e assistir meu jornal. E, Léo, meu filho. Estou muito feliz pelos dois, sei que juntos estarão bem cuidados. E isso é que se torna uma relação perfeita – estava com lágrimas nos olhos por causa das palavras do meu pai, mas ele continuou – sejam acima de tudo amigos um do outro. Compartilhem sonhos, dúvidas, problemas, alegrias, mas não deixem de estarem juntos, em tudo na vida.
            -Obrigada, pai – levantei indo abraçá-lo. – Te amo muito.
            -Também te amo, filha. Mas agora me deixe ajudar com essa louça.
            -Não precisa, Delegado, eu ajudo. Podemos começar compartilhando a louça suja, certo? – rimos e João confirmou indo para a sala, enquanto eu e Léo tirávamos a mesa.
            -Desculpa, amor, eu não queria, mas estava começando a ficar nervosa – Léo riu e me prensou na pia, colocando uma travessa em cima dos pratos sujos.
            -Te perdoo se me deres um beijo descente – disse perto dos meus lábios e uma corrente elétrica descarregou no meu corpo quando ele encontrou minha boca, em um beijo alucinante.
            -Te amo, Léo – toquei seu rosto carinhosamente, sem desconectar nossos olhos.
            -Também te amo muito, marrentinha – me beijou novamente.
            Já no sofá, com a cozinha em ordem, depois que João se despediu dizendo que o dia havia sido puxado, Léo me fazia cócegas e eu me contorcia debaixo dele.
            -Tantas maneiras de namorar e tu prefere as cócegas – revirei os olhos, com ele nem se importando com minhas reclamações.
            -Marrentinha, tu ri, então é sinal que gosta.
            -Esse sorriso é involuntário.
            -Mas é marrenta mesmo – deitou no meu ombro, alcançando meu celular do outro lado do sofá. – Não vais mudar o perfil do facebook?
            -Por que a pergunta? – comecei a fazer cafuné nos seus cabelos.
            -Por quê? Porque estamos namorando, oras – deu de ombros.
            -Acho que vou, Léo. Pensei que nem gostava das redes sociais. Odeia quando eu digo que vou postar alguma foto nossa.
            -Não ligo muito, mas sei que gostas, então poderia mudar agora – mexi o ombro, fazendo com que ele levantasse a cabeça e me olhasse. – O que é, Maria Beatriz?
            -O que, digo eu.
            -Quero que todo mundo saiba que tu és minha – bufei, balançando a cabeça.
            -Sabia que tinha segundas intenções.
            -Estás dizendo que posso continuar soltinho no facebook, marrentinha? – só de pensar nisso meu coração disparou de raiva.
            -Vamos mudar agora! – ele gargalhou.
            -Sabes o que é mais engraçado?
            -Não – já havia pegado meu celular das suas mãos.
            -Tu és exatamente como eu, Bia. Sem tirar nem por.
            -Não sou não – estava atenta no teclado.
            -Claro que é, só não admite – esticou o pescoço para ver o que eu escrevia.
            -Pode pegar o seu e mudar também, fazendo um favor – falei sem tirar os olhos do celular.
            -Só se for agora, pequena – sorri sem levantar a cabeça.
            -Pronto – cliquei em editar.  – Agora precisamos de uma foto de carinha.
            -Ah, não, pequena. Odeio fotos e a gente tem um monte desses dias.
            -Não de hoje. Vai, Léo, para de ser chato. Eu amo foto de carinha. Sempre sonhei... – iria confessar que sempre havia sonhado em fazer isso com ele.
            -Sempre sonhou com o quê? – me instigou curioso.
            -Nada – coloquei a cabeça no seu ombro, tirando os óculos.
            -Deixe eles – tocou meu rosto. – Eu gosto.
            -Melhor não – fiz uma careta.
            -Então vamos tirar duas, uma com eles e outra sem – colocou meus óculos novamente.
            -Tudo bem – suspirei rindo, enquanto Léo preparava os celulares.
            -Isso, marrentinha. Sorria – e me cutucando tirou a foto.
            -Tu és um bobo, sabia?
            -Sabia – beijou meus lábios, clicando mais uma vez.
            -Pare já com esse celular – coloquei as mãos no rosto rindo, mas Léo não parou.
            -Essa vai para minha pasta especial. “Marrentinha fazendo pose”.
            -Desgraçado! Está horrível, amor.
            -Não esta não. Tu és linda, Bia – jogou o celular no sofá vindo me abraçar.
            -São seus olhos – beijei seu pescoço.
-Preciso ir – se mexeu embaixo de mim.
-Fica comigo hoje.
            -Como assim? – sorri da sua confusão.
            -Dorme comigo. Quer dizer... Tu podes deixar o carro no apartamento do Dé que é perto daqui e... Escalar minha janela.
            -Estás me achando com cara de macaco, Maria Beatriz?
            -Mas não é nada romântico mesmo – cruzei os braços. – Só foi uma ideia, Leonardo. Queria ficar mais pertinho de ti – me aconcheguei no seu colo.
            -Planejou todo o esquema, sozinha?
            -Isso não é um esquema, só achei que...
            -Vou confessar que gostei da ideia, pequena. Mas precisamos estudar isso direitinho para não matar o Sr João do coração – ele tinha razão.
            -Ta legal, tu estas certo.
            -Uau!  Assim que eu gosto. A marrentinha concordando comigo – bati no seu braço. – Passo amanhã para te pegar – levantou.
            -Eu te espero – o levei até a porta. – Te amo, peão.
            -Também te amo, pequena. Se cuide e sonhe comigo – me beijou e andou em direção à calçada.
            Suspirei vendo ele dar partida na caminhonete e sair com aquele som alto, que me matava de vergonha.
            Mas eu estava feliz.
Na verdade, nós estávamos felizes.
            E até que o pedido de namoro não havia sido tão ruim.
            Léo me ligou assim que chegou na fazenda, o que havia se tornado um hábito. Isso  me fez lembrar de mudar a foto do meu perfil do facebook. Faria uma surpresa para ele amanhã.
            Dormi agarrada ao Bartolomeu, ainda sentindo o cheiro do meu namorado em mim.
            Nada poderia estar mais perfeito.

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