Capítulo 10 – Formalidades
" Chamam isso de destino eu não sei...
Mas desde o inicio sempre te cuidei... Chamam isso de amor, eu também
acho... Mas seja como for, me dá um abraço..."
Prefácio
– João Carreiro e Capataz
-Pai, hoje
o Léo vem jantar com a gente – disse simplesmente, tomando mais um gole do meu
café.
-Vem? Que
bom – baixou o jornal, rindo.
-É. Eu vou
ao supermercado, tu queres algo em especial? – estava morrendo de medo que ele
me perguntasse o que Léo iria fazer em casa. Quer dizer, na verdade ele já era
amigo da família, mas João não era bobo e já sabia o que meu namorado queria.
Sorri de leve lembrando o meu novo estado civil.
Estava tão
feliz, que chegava a pensar que flutuaria em meio a tanta coisa boa.
Léo havia
me trazido para casa no final da tarde para fazer o jantar, mas depois nos
falamos por mais de uma hora no telefone, tendo aquela disputa, típica de
namorados, de quem desligaria o telefone primeiro.
Não havia
dito a ele que não teria aula agora pela manhã e muito menos que iria ao
supermercado, pois seria bem capaz dele perder a hora só para ficar comigo. Meu
namorado era bem possessivo, assim como eu, não podia negar.
Já no
supermercado, meu celular começou a tocar como um doido dentro da bolsa e
quando o peguei respirei fundo, pois meu, agora namorado, deveria estar a minha
caça.
-Bom dia,
amor – fiz minha melhor voz de menina boazinha.
-Onde tu
estás, Maria Beatriz?
-Um brinde
a harmonia do primeiro dia de namoro – ironizei.
-Desculpa,
pequena. É que passei na sua casa e mais uma vez tu não estavas.
-E por isso
precisa me tratar desse jeito? – equilibrei o celular entre o ouvido e o ombro
esticando-me para pegar um vidro de molho de tomate.
-Desculpa,
amor – sorri do seu jeito sem vergonha. – Onde estas?
-Quem foi
que me pediu um jantar ontem?
-Fui eu.
-Então já
sabes onde estou. No supermercado.
-Estás
perdendo aula?
-Não, amor.
Tenho aula mais tarde hoje.
-Qual
mercado estas? Quero te ajudar – eu ri. – Não ria, pequena. Eu quero ajudar no
jantar.
-E o que tu
sabes fazer? – desafiei.
-Me fala o
mercado que te digo pessoalmente – tão manipulador.
-Estou no Rede Vivo, mas vens logo, daqui a pouco
tenho aula – agora foi sua vez de rir.
-Já estou
indo, marrentinha.
Desligamos
e em menos de dez minutos Léo estava ao meu lado, empurrando o carrinho e me
beijando.
-Sentiu
minha falta, pequena? – cheirou meu pescoço, enquanto eu pegava os ingredientes
para a lasanha à moda, do pai.
-Convencido
– lhe dei um selinho. – Senti, e tu?
-Preciso responder – balancei a
cabeça, sorrindo.
-Qual é sua comida predileta, Léo?
-No
momento? – olhei para ele sem entender, mas sua fisionomia maliciosa me
respondeu na hora.
-Filho da
mãe – bati no seu ombro. – É sério, amor. Vou fazer a lasanha do João, minha
maionese e queria fazer o que tu gostas também – Léo sorriu enlaçando minha
cintura.
-Eu gosto
de carne – revirei os olhos, o encarando, pois todo gaúcho gostava de carne. –
Mas carne recheada é a minha predileta.
-Que
delícia! – lambi os lábios só de pensar no cardápio.
-Maria
Beatriz, estamos no supermercado! – bati nele de novo, que gargalhou.
-Vamos
pegar os ingredientes – empurrei o carrinho e ele veio logo atrás.
-Do que
vamos precisar?
-Tu és que
tem que me dizer. A carne é sua.
E Léo disse
tudo que a mãe colocava na carne recheada que gostava.
Com as
compras feitas e guardadas à dois em casa, fomos juntos para a faculdade.
Chegando lá Jessianny veio ao nosso encontro com um sorriso de orelha a orelha.
-Cunhadinha!
– me abraçou e adivinhei que o motivo do sorriso era eu, ou melhor, nosso
parentesco próximo, agora que namorava seu irmão.
-Bom dia,
amiga – sorri, tendo que soltar a mão de Léo para abraçá-la também.
-Tão
bonitinho ver vocês juntos – apertou nossa bochecha.
-Pronto,
Jessianny, já parou a frescura – naquele momento vi Mauricio passar por nós e
precisava entregar a matéria que havia separado para ele.
-Mauricio –
o chamei e beijei Léo, segurando seu rosto entre minhas mãos, fazendo com que ele
me olhasse. – Já volto, amor.
-Oi, Bia –
fui em direção ao meu colega. – Me desculpe por ontem, não queria causar nenhum
transtorno a ti - sorri o tranquilizando.
-Não
precisa se preocupar, Mauricio, meu namorado – enfatizei a última palavra em
alto e bom som – é assim mesmo – dei de ombros, olhando de soslaio, sabendo que
Léo estava por perto, escutando tudo. – Olha a matéria, xeroquei para ti.
-Obrigada,
guria – pegou os papeis da minha mão.
-Quando
precisar é só dizer. Até mais.
-Até, Bia.
E obrigado mais uma vez – sorri, voltando para a rodinha de Léo, Jessy, André e
alguns meninos.
-Vamos,
tenho aula agora – beijei sua boca de novo, fazendo com que os meninos
gracejassem.
-É bom
estar todos aqui porque eu tenho um comunicado a fazer – agarrou minha cintura,
colocando-me na sua frente. – A partir de hoje, todo respeito é pouco com minha
garota – sorri do jeito possessivo do meu monstro do curral e olhando para o
lado, vi que minha cunhadinha também não se cabia. – Uma brincadeira fora de
hora, estarão encrencados. Ela é minha e não admito que olhem nem para o lado
quando Maria Beatriz estiver passando.
-Léo – o
repreendi.
-Eu conheço
meu gado, marrentinha. Por isso o recado foi dado – olhou feio para os meninos.
-Vamos, não
quero me atrasar. Vem, Jessy.
Fomos os quatro, já que André não
desgrudava da minha amiga também e nos despedimos antes de entrar.
-Tenho
laboratório agora, a gente se vê a noite, tudo bem?
-Quem vai
me levar embora? Tu não deixaste que viesse de carro – ele riu e piscou para a
irmã.
-Eu,
cunhadinha. De caminhonete – ela se vangloriou e eu beijei meu namorado,
encantada. Nossa meu peão estava mudando mesmo.
À noite,
devidamente alimentados, meus dois homens conversavam animados na mesa.
-E então,
Léo, gostou da comida da Maria Beatriz? – os dois estavam com os braços abertos
nas cadeiras vagas depois de terem repetido duas vezes.
-Olha,
Delegado, que a dona Luíza não me ouça, mas essa marrentinha cozinha
divinamente! Que comida é essa? – sorri do seu elogio.
-Obrigada
aos dois – cutuquei meu digníssimo namorado por debaixo da mesa, para que ele
desembuchasse de uma vez o motivo daquele jantar. E pela primeira vez percebi
que meu garanhão estava com vergonha.
-E a
faculdade, filho? – ri de João tentando puxar assunto, tendo certeza que ele
sabia o real motivo de Léo estar ali.
-Puxado,
Seu João. Mas estou dando conta – sorriu tímido, olhando para baixo. E ver Léo
assim me fazia babar. – Delegado, eu...
-O que foi,
Léo? – o pai incentivou, mas fui eu que respondi.
-Pai, nós
estamos namorando. Pronto falei! – respirei fundo.
-Maria
Beatriz – os dois ralharam comigo.
-O quê? –
perguntei confusa.
-Era ele
quem tinha que pedir. Esperei por isso desde o dia do aeroporto.
-Como? A
gente nem se conhecia lá.
-Mas eu já
sabia! – João falou orgulhoso.
-Será que
tu me deixas continuar, Maria Beatriz? – opa! Tinha atiçado meu monstro do
curral.
-Claro,
desculpa – levantei as mãos em rendição.
-Delegado,
eu pedi para a Maria Beatriz marcar esse jantar porque queria respeitosamente,
– segurou minha mão por cima da mesa – pedir sua mão em namoro – João abriu seu
sorriso mais lindo e nos abençoou apertando nossas mãos, já entrelaçadas.
-Eu faço muito
gosto desse namoro e como disse – se refestelou novamente na cadeira – eu
sempre soube que ficariam juntos – pela primeira vez na mesa, Léo me olhou e
sorrimos felizes.
-Obrigado,
Seu João. Prometo que vou respeitá-la, amá-la e principalmente fazer minha
marrentinha feliz – me abraçou e ali reconheci meu namorado.
-Desculpa –
fui sincera.
-Não tem
problema – beijou meus lábios de leve.
-Bom, vou
ajudar você a tirar a mesa e assistir meu jornal. E, Léo, meu filho. Estou
muito feliz pelos dois, sei que juntos estarão bem cuidados. E isso é que se
torna uma relação perfeita – estava com lágrimas nos olhos por causa das
palavras do meu pai, mas ele continuou – sejam acima de tudo amigos um do
outro. Compartilhem sonhos, dúvidas, problemas, alegrias, mas não deixem de
estarem juntos, em tudo na vida.
-Obrigada,
pai – levantei indo abraçá-lo. – Te amo muito.
-Também te
amo, filha. Mas agora me deixe ajudar com essa louça.
-Não
precisa, Delegado, eu ajudo. Podemos começar compartilhando a louça suja,
certo? – rimos e João confirmou indo para a sala, enquanto eu e Léo tirávamos a
mesa.
-Desculpa,
amor, eu não queria, mas estava começando a ficar nervosa – Léo riu e me prensou
na pia, colocando uma travessa em cima dos pratos sujos.
-Te perdoo
se me deres um beijo descente – disse perto dos meus lábios e uma corrente
elétrica descarregou no meu corpo quando ele encontrou minha boca, em um beijo
alucinante.
-Te amo,
Léo – toquei seu rosto carinhosamente, sem desconectar nossos olhos.
-Também te
amo muito, marrentinha – me beijou novamente.
Já no sofá,
com a cozinha em ordem, depois que João se despediu dizendo que o dia havia
sido puxado, Léo me fazia cócegas e eu me contorcia debaixo dele.
-Tantas
maneiras de namorar e tu prefere as cócegas – revirei os olhos, com ele nem se
importando com minhas reclamações.
-Marrentinha,
tu ri, então é sinal que gosta.
-Esse
sorriso é involuntário.
-Mas é
marrenta mesmo – deitou no meu ombro, alcançando meu celular do outro lado do
sofá. – Não vais mudar o perfil do facebook?
-Por que a
pergunta? – comecei a fazer cafuné nos seus cabelos.
-Por quê?
Porque estamos namorando, oras – deu de ombros.
-Acho que
vou, Léo. Pensei que nem gostava das redes sociais. Odeia quando eu digo que
vou postar alguma foto nossa.
-Não ligo
muito, mas sei que gostas, então poderia mudar agora – mexi o ombro, fazendo
com que ele levantasse a cabeça e me olhasse. – O que é, Maria Beatriz?
-O que,
digo eu.
-Quero que
todo mundo saiba que tu és minha – bufei, balançando a cabeça.
-Sabia que
tinha segundas intenções.
-Estás
dizendo que posso continuar soltinho no facebook,
marrentinha? – só de pensar nisso meu coração disparou de raiva.
-Vamos
mudar agora! – ele gargalhou.
-Sabes o
que é mais engraçado?
-Não – já
havia pegado meu celular das suas mãos.
-Tu és
exatamente como eu, Bia. Sem tirar nem por.
-Não sou
não – estava atenta no teclado.
-Claro que
é, só não admite – esticou o pescoço para ver o que eu escrevia.
-Pode pegar
o seu e mudar também, fazendo um favor – falei sem tirar os olhos do celular.
-Só se for
agora, pequena – sorri sem levantar a cabeça.
-Pronto –
cliquei em editar. – Agora precisamos de
uma foto de carinha.
-Ah, não, pequena. Odeio fotos e a gente
tem um monte desses dias.
-Não de
hoje. Vai, Léo, para de ser chato. Eu amo foto de carinha. Sempre sonhei... –
iria confessar que sempre havia sonhado em fazer isso com ele.
-Sempre
sonhou com o quê? – me instigou curioso.
-Nada –
coloquei a cabeça no seu ombro, tirando os óculos.
-Deixe eles
– tocou meu rosto. – Eu gosto.
-Melhor não
– fiz uma careta.
-Então
vamos tirar duas, uma com eles e outra sem – colocou meus óculos novamente.
-Tudo bem –
suspirei rindo, enquanto Léo preparava os celulares.
-Isso,
marrentinha. Sorria – e me cutucando tirou a foto.
-Tu és um
bobo, sabia?
-Sabia –
beijou meus lábios, clicando mais uma vez.
-Pare já
com esse celular – coloquei as mãos no rosto rindo, mas Léo não parou.
-Essa vai
para minha pasta especial. “Marrentinha fazendo pose”.
-Desgraçado!
Está horrível, amor.
-Não esta
não. Tu és linda, Bia – jogou o celular no sofá vindo me abraçar.
-São seus
olhos – beijei seu pescoço.
-Preciso ir – se mexeu embaixo de
mim.
-Fica comigo hoje.
-Como
assim? – sorri da sua confusão.
-Dorme
comigo. Quer dizer... Tu podes deixar o carro no apartamento do Dé que é perto
daqui e... Escalar minha janela.
-Estás me
achando com cara de macaco, Maria Beatriz?
-Mas não é
nada romântico mesmo – cruzei os braços. – Só foi uma ideia, Leonardo. Queria
ficar mais pertinho de ti – me aconcheguei no seu colo.
-Planejou
todo o esquema, sozinha?
-Isso não é
um esquema, só achei que...
-Vou
confessar que gostei da ideia, pequena. Mas precisamos estudar isso direitinho
para não matar o Sr João do coração – ele tinha razão.
-Ta legal,
tu estas certo.
-Uau! Assim que eu gosto. A marrentinha concordando
comigo – bati no seu braço. – Passo amanhã para te pegar – levantou.
-Eu te espero
– o levei até a porta. – Te amo, peão.
-Também te
amo, pequena. Se cuide e sonhe comigo – me beijou e andou em direção à calçada.
Suspirei
vendo ele dar partida na caminhonete e sair com aquele som alto, que me matava
de vergonha.
Mas eu
estava feliz.
Na verdade, nós estávamos felizes.
E até que o
pedido de namoro não havia sido tão ruim.
Léo me
ligou assim que chegou na fazenda, o que havia se tornado um hábito. Isso me fez lembrar de mudar a foto do meu perfil
do facebook. Faria uma surpresa para
ele amanhã.
Dormi
agarrada ao Bartolomeu, ainda sentindo o cheiro do meu namorado em mim.
Nada
poderia estar mais perfeito.
Próximos capítulos
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Amei amiga! Ansiosa esperando o próximo.
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